Fim de ano chegando e, como habitual, muitos fazem uma retrospectiva do que se passou. Esta possibilita identificar acertos e erros vivenciados que, por si só, deveriam gerar aprendizados para o próximo período. Ocorre que este aprendizado é potencializado no curto prazo e gradativamente entra em um processo natural de esquecimento com o decorrer do tempo.
O período pós-pandemia trouxe um tempero adicional e algumas reflexões emergiram, com grau diferenciado de impacto nas pessoas, decorrente de suas condições socioeconômicas e culturais.
No inconsciente das pessoas, a sociedade do consumo e do materialismo começa a ser questionada e surgem questões sobre o real valor dos bens, sua importância e necessidade. É fato que este questionamento transcende o simples valor econômico e alcança o comportamental da sociedade.
A sociedade do consumo, do materialismo e da tecnologia, trouxe avalanche de informações que nos faz parar, pensar, refletir para só depois tomar uma decisão. Questões triviais como que roupa vestir, qual sapato calçar, que cor combinar, qual cinto usar, ou mesmo o que comer, são exemplos triviais que acabam provocando uma perda de rendimento, face à limitação de nossa energia cerebral, conforme estudo de Roy F. Baumeister (psicólogo social, conhecido por seu trabalho sobre o self, rejeição social, pertencimento).
Imagine quantas situações semelhantes a estas nos são impostas ao longo do dia. Ainda, segundo Baumeister, estes eventos geram um cansaço mental denominado ‘Fadiga de Decisão’, que acaba por comprometer a qualidade da decisão tomada.
Segundo o neurologista Fernando Coronetti, tomar decisões de forma continuada diminui o rendimento, instaura a fadiga e pode comprometer a decisão tomada.
Pense agora uma razão que faz dois personagens importantes do mundo contemporâneo trajarem sempre um tipo de roupa, Mark Zuckerberg e Steve Jobs. Será que faz sentido se pensar que os dois reduziram a sua fadiga mental pelo simples fato de não terem que perder muito tempo escolhendo o que vestir?
Vale agora uma reflexão, quanto tempo de nossas vidas estamos desperdiçando ao tomarmos decisões sobre situações que pouco nos agrega? E o que fazer para reduzir a nossa fadiga de decisão?
A resposta é simples, mas sua prática demanda muito mais do que uma simples retrospectiva, temos que incorporar no nosso cotidiano ações norteadas pela priorização, simplificação, busca do essencial e a eliminação do excesso.
Ou seja, temos que ser mais eficientes na utilização do nosso tempo, reduzindo a nossa fadiga de decisão e utilizando de forma mais eficiente a nossa energia. Afinal, menos é mais, conforme dito pelo arquiteto e professor alemão Ludwig Mies van der Rohe.
Angelo Toyokiti Yasui é professor, mestre e pró-reitor do Centro Universitário Paulistana.
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