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Missa e ato público lembram chacina da Candelária
Do Diário do Grande ABC
23/07/1999 | 16:49
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Uma manifestaçao lembrando a chacina da Candelária, em que oito crianças foram mortas em 23 de julho de 1993, e contra a impunidade reuniu nesta sexta-feira pela manha ativistas de direitos humanos, religiosos e militantes na igreja da Candelária, no Centro do Rio. De maos dadas e rezando o Pai-Nosso, crianças, representantes de entidades e turistas deram um abraço simbólico na igreja, pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Uma missa foi rezada na Candelária em memória das vítimas da chacina. Crianças entraram na igreja com cartazes pedindo justiça. Do lado de fora, grupos de capoeira se apresentavam e flores brancas eram depositadas sob o cruzeiro onde está gravado o nome dos oito meninos mortos. Seis deles dormiam sob marquises quando foram assassinados à queima roupa, na madrugada de 23 de julho. Outros dois meninos foram executados no Aterro do Flamengo, perto do Museu de Arte Moderna. O único sobrevivente da chacina é Vagner dos Santos, que vive na Suíça.

"Vivemos a cultura da impunidade do adulto que corrompe violenta ou mata a criança", afirmou o juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio, Siro Darlan. Para o juiz, isso ocorre por causa do "corporativismo" dos adultos. "A chacina foi um símbolo da violência contra a criança, mas candelárias acontecem todos os dias", disse Darlan. Cerca de 4,5 crianças morrem por dia no Estado (dados de 1995), segundo o juiz.

Turistas - O ato público manha atraiu dezenas de turistas estrangeiros. Eles passeavam pelas imediaçoes da igreja ponto de visita de estrangeiros desde o massacre.A alema Maria Schiller, de 38 anos, acompanhou as notícias sobre as mortes dos meninos e nesta sexta-feira levou os filhos Francisca, de 5 anos, e Max, de 2 para participar da manifestaçao. A menina tentava aprender capoeira com crianças de rua, enquanto Max lutava para se livrar das roupas. "Vejo meus filhos com essas crianças e me pergunto se algo mudou nesses seis anos, se agora elas estao a salvo", questionava a professora.

A Justiça condenou pelos crimes contra os meninos de rua o policial militar Marcus Vinícius Borges Emmanuel a 309 anos de prisao pelas mortes, mas a pena foi reduzida para 89 anos. Os policiais militares Nelson Oliveira Cunha e Marco Aurélio Alcântara também foram condenados, mas recorreram. O serralheiro Jurandir Gomes, o tenente da Polícia Militar Marcelo Ferreira Cortes e o soldado Cláudio dos Santos foram absolvidos.




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