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Caixa diminui liberações de crédito imobiliário

Decisão vai até o fim do ano para recursos oriundos das cadernetas de poupança, que estão com menos aportes

04/12/2022 | 07:48
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Celso Luiz/DGABC


A Caixa Econômica Federal vai reduzir o volume de concessão de financiamentos imobiliários com recursos oriundos das cadernetas de poupança nas últimas semanas do ano. A decisão vem após o banco estatal ter superado as expectativas de empréstimos e se deparar com menor disponibilidade de recursos nas cadernetas para novas operações.

A Caixa tinha a previsão de atingir R$ 85 bilhões em crédito imobiliário em 2022, o que representaria expansão de 10% na comparação com os R$ 77 bilhões de 2021. Entretanto, o objetivo foi atingido antes mesmo de o banco fechar o balanço de novembro. A direção decidiu elevar o orçamento para R$ 92 bilhões, ou seja, um crescimento de 20%.

Ao esticar a corda, a Caixa ajudará a dar vazão à compra de imóveis e evitar impactos mais sérios para o setor da construção em um momento sensível da economia, marcado pelas incertezas da transição de governo. Por outro lado, os meses de novembro e dezembro terão uma desaceleração no ritmo de liberações, o que, inevitavelmente, vai tirar algum fôlego da comercialização de imóveis no País nestas últimas semanas de 2022.

O volume de empréstimos nestes últimos dois meses deve girar em torno de R$ 5,5 bilhões. O mais provável é um resultado acima disso em novembro e abaixo em dezembro - quando também há paradas pelas festas de fim de ano. Entre janeiro e outubro, a média mensal foi de R$ 8,1 bilhões.

O desempenho da Caixa foi na contramão do mercado. Enquanto outros bancos diminuíram o volume de financiamentos, a estatal ganhou participação no bolo e fez jus ao apelido de banco da habitação. Ao todo, o setor contabilizou R$ 151,2 bilhões em empréstimos para compra e construção de moradias de janeiro a outubro, queda de 12% perante os mesmos meses de 2021.

No setor financeiro, já havia a perspectiva de que a Caixa tiraria o pé do acelerador. A carteira de crédito imobiliário com recursos da poupança vinha acima do piso de 65% de recursos das cadernetas que o Banco Central exige que sejam aplicados no setor. Mas o dinheiro da poupança também estava sendo usado para outros financiamentos, o que deixou o banco sob pressão. Ao mesmo tempo, os depósitos na caderneta têm recuado.

Para continuar crescendo no setor, a Caixa recorreu a captações em instrumentos com custo atrelado ao CDI, como as LCI (letras de crédito imobiliário) - mix que também é utilizado pelos bancos privados.

A médio prazo, a equação se complica porque o custo de captação é mais caro do que o da poupança. Uma fonte graduada do setor disse que o banco teria duas opções: elevar as taxas do imobiliário ou reduzir o ritmo.

A Caixa não detalha o perfil da carteira financiada conforme a fonte de captação. No mercado, a poupança ainda é líder: respondia por 43% do financiamento ao setor em junho, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Procurada, a Caixa disse que a concessão de crédito obedece a critérios internos de governança, com base no contexto de mercado. “Cabe observar que as linhas de crédito do banco estão ativas e que todos esses critérios são constantemente avaliados tecnicamente e visam garantir a sustentabilidade e competitividade da instituição, o que faz da Caixa o maior banco brasileiro em crédito e número de clientes”, disse a instituição.




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