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Kerik afirma que renunciou por ter empregado uma imigrante ilegal
Da AFP
14/12/2004 | 19:36
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Informações confirmam que Bernard Kerik renunciou ao cargo de chefe do Departamento de Segurança Interna, designado por Bush, porque havia empregado como babá uma imigrante ilegal mexicana durante 18 meses. Ele confessou que esse foi um “erro estúpido” e que não pagou impostos ao governo pelo serviço prestado pela moça, que teve o nome mantido em sigilo.

O diretor da Liga de Cidadãos Latino-americanos (Lulac), Brent Wilkes, afirmou que "o incidente coloca em evidência a grande hipocrisia dos Estados Unidos". "Certamente, é hipócrita que alguém que está a serviço da agência que supervisiona as leis de imigração esteja desrespeitando as mesmas normas que deveria aplicar", acrescenta.

Wilkes, que é a favor da legalização dos cerca de 12 milhões de ilegais que vivem nos Estados Unidos, destacou que "são realmente os americanos que estão abusando dos ilegais" e não ao contrário, como muitos argumentam.

O tema não é novo. Há quatro anos, Linda Chávez, secretária do Trabalho designada por Bush, também teve que desistir do cargo por ter abrigado e empregado um ilegal.

Outras três nomeações ministeriais realizadas pelo ex-presidente Bill Clinton fracassaram devido ao mesmo problema, inclusive a de Zoe Baird, designada Secretária da Justiça, que não havia pagado impostos por sua governanta, uma imigrante ilegal.

Angela Kelly, do Fórum Nacional de Imigração, prevê que os EUA continuarão "vendo candidatos para cargos governamentais perfeitamente qualificados que não poderão assumir suas funções porque estão contratando ilegais". "Somos todos cúmplices de nos desviarmos e olharmos para o outro lado. Todos nos beneficiamos do trabalho duro desta gente, que está nos restaurantes, em nossos campos, que cuida de nossas crianças e de nosso velhos", opinou.

A renúncia de Kerik "mostra a dimensão do assunto”. “Precisamos de uma reforma ambiciosa de nosso sistema de imigração", disse Michelle Weslin, do Conselho Nacional de La Raza (Nclr).

Entretanto, segundo especialistas, a reforma da imigração proposta por Bush, que o governo defenderá no Congresso em 2005, irá piorar o problema porque oferece vistos de trabalho temporários de no máximo seis anos. "Na realidade, incentiva a imigração de ilegais, porque as pessoas não querem voltar para seu país de origem depois de três anos ou seis anos nos Estados Unidos", afirma Weslin.

Entretanto, Bush insistiu que não se opõe a uma anistia para os ilegais, apesar de os parlamentares republicanos serem contrários a qualquer flexibilização das leis de migração.

A possibilidade de que possíveis terroristas entrem de maneira ilegal nos Estados Unidos, principalmente através da fronteira com o México, impulsionou a discussão da reforma sobre a imigração ao topo da agenda legislativa.




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