A exatos 36 dias da realização da eleição extra – em 11 de dezembro – que vai definir o novo prefeito de Ribeirão Pires – Clóvis Volpi (PL) foi cassado em setembro –, o PSDB do município vive momento de turbulências e sob ameaça de ficar de fora da disputa pelo Paço. Isso porque o diretório municipal é alvo de um pedido de intervenção e dissolução, que deve ser discutido hoje pela executiva estadual, mas não está descartada a possibilidade de esse processo que envolve a sigla ser levado à Justiça comum, caso a solicitação seja validada.

Esse é o posicionamento do vice-presidente do PSDB local e ex-coordenador regional do partido, Cézar de Carvalho, que encaminhou à executiva estadual explicações e documentos que, segundo ele, comprovam que o pedido de intervenção e dissolução do diretório não procede. Conforme relata na peça em que pede o arquivamento, os pontos elencados pela filiada Renata de Souza para embasar o pedido não podem ser levados em consideração, sobretudo no que se refere à falta de prestação de contas, que “de fato seria a única causa alegada” para sustentar o pedido. 

“A meu ver, é um pedido de intervenção por motivo oculto. É uma irresponsabilidade o que estão fazendo com o PSDB de Ribeirão faltando pouco tempo para uma eleição importante, na qual temos boas chances. Acho estranho esse pedido, e por isso encaminhei para as executivas estadual e nacional. Como vice, não teria de dar esclarecimentos, mas não posso concordar em essa situação, ainda mais porque as prestações de contas estão em ordem”, afirmou Cézar de Carvalho, filiado ao partido desde 1988. 

O dirigente tucano se diz inconformado e afirma que irá até o fim para impedir que o partido sofra intervenção. “Não sei qual o objetivo disso, mas não sou de ceder. Se o pedido não for retirado ou arquivado, vou à Justiça comum para preservar o PSDB de Ribeirão.”

Ainda segundo o documento levado à estadual por Cézar de Carvalho, “a peticionante (autora do pedido de intervenção) é funcionária estadual comissionada e subordinada diretamente à presidente municipal, contra quem, é feito o pedido…” O trecho se refere a Flávia Robles Dotto, que está à frente do diretório na cidade. Flávia é mulher do ex-prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), que hoje atua como secretário municipal em São Bernardo, levado pelo prefeito Orlando Morando (PSDB). Flávia, inclusive, lançou seu nome à sucessão de Volpi.

Aliás, políticos de Ribeirão Pires não descartam a possibilidade de Orlando estar por trás da articulação em torno do pedido de intervenção, de forma a minar a força do grupo tucano que estaria propenso a apoiar o nome de Gabriel Roncon (Cidadania) como candidato a prefeito e indicar o vice, provavelmente Cesar do Canoa, que disputou a eleição a deputado federal.

“Não sei se tem interferência de alguém de outra cidade, mas não gosto de gente de fora se envolvendo em coisas da nossa cidade, e muito menos no nosso partido, pelo qual vou até as últimas consequências. Isso que estão fazendo, não sei se a interesse ou pedido de alguém, é uma irresponsabilidade com a cidade e com a federação (PSDB/Cidadania). Estão tentando melar nossa união e jogando a favor do adversário”, reclama Cézar de Caravalho.