Tanques do exército israelense entraram nesta quarta-feira na cidade de Nablus, a maior da Cisjordânia. Cerca de 400 tanques foram estacionados ao redor da cidade e pelo menos 100 entraram no território. Escavadoras bloquearam a principal estrada de saída da cidade. Tanto israelenses como palestinos acreditam que a invasão de Nablus será a mais sangrenta de todas as outras incursões promovidas na Cisjordânia. Uma pessoa já foi morta.

Uma explosão que abalou o centro de Nablus, no início de uma operação israelense, deixou uma palestina morta, segundo fontes de segurança palestinas. Sadika Okacha morreu em sua casa, em pleno centro da cidade, logo depois da entrada de carros blindados em Nablus.

No campo de refugiados de Balata, no sudeste da cidade, um grupo de palestinos armados enfrentaram os tanques israelenses, de acordo com integrantes do Al Fatah, movimento palestino ao qual pertence o presidente Yasser Arafat. O lugar já foi cenário de uma violenta ocupação no início de março que deixou um total de cinco palestinos mortos.

Os soldados israelenses, por sua vez, mostravam um comportamento agressivo e não hesitavam em apontar suas armas contra carros ou pedestres que se aproximavam do local. Os militares temem ataques palestinos na região, berço de ativistas radicais.

Há vários dias, os grupos de resistência locais se preparam para enfrentar o exército israelense, armazenando comida, protegendo a cidade e colocando explosivos em lugares estratégicos. Eles dizem que estão prontos para encarar uma batalha longa e sangrenta.

Na terça-feira, o grupo radical islâmico Hamas ameaçou resistir a qualquer tentativa de invasão de Nablus, última cidade da região que permanece sob controle palestino. "A resistência em Nablus será maior que em outras cidades porque há um grande número de militantes e estamos unidos", declarou à agência France Presse Mohammad Ghazal, do movimento radical palestino Hamas na região.

"O Exército israelense é um dos melhores do mundo, enquanto nós só temos armas leves e alguns explosivos. Mas nos sobra experiência na hora de enfrentar os tanques israelenses como já demonstramos várias vezes. Estamos lutando e vamos continuar lutando. Nosso destino é resistir", afirmou Ghazal.

Em toda a Cisjordânia, as tropas israelenses já voltaram a ocupar Tulkarem, Belém e algumas cidades fronteiriças, como Jenin, Salfit, Kalkiliya e Ramalah, que sofrem uma impressionante ameaça militar desde sexta-feira.

A cidade de Nablus tem uma longa história de invasões. Fundada no ano 3.000 a.C., foi ocupada ao longo de sua existência pelos egípcios, romanos e turcos. Em 1967, durante a guerra dos seis dias, entraram em suas ruas as tropas israelenses.