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Em disputa apertada, Lula e Bolsonaro vão disputar o 2º turno
03/10/2022 | 07:00
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A eleição presidencial será decidida em um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Um universo de mais de 121 milhões de eleitores compareceu neste domingo às urnas em todo o País. Na disputa pelo Palácio do Planalto triunfou o voto polarizado no atual e no ex-presidente.

Com 99,38% das urnas apuradas, Lula obteve 56,6 milhões de votos válidos, ou 48,26% do contabilizado pela Justiça Eleitoral. Foi seguido de perto por Bolsonaro, candidato à reeleição, que recebeu 50,9 milhões de votos, ou 43,34% do total. O segundo turno ocorre quando nenhum candidato consegue atingir a maioria da soma total dos votos.

O resultado mostra uma aguda clivagem no eleitorado nacional. A soma das votações do petista e do presidente chegava a 91,6% dos votos totais. Para se ter uma ideia, há quatro anos, mesmo numa disputa também polarizada, a soma dos desempenhos de Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) atingiu 75% do total de válidos.

Na votação de ontem, o bolsonarismo demonstrou mais força eleitoral do que as pesquisas previam. Além do índice de votos alcançado pelo próprio presidente - no Agregador de Pesquisas do Estadão, que reúne dados de 13 institutos, Lula marcava 51% das intenções de voto e Bolsonaro, 36% -, candidatos associados ao chefe do Executivo federal obtiveram melhores desempenhos em grandes colégios eleitorais e na eleição para o Congresso Nacional.

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, terminou na frente de Haddad, com quem irá disputar segundo turno. Também em São Paulo, Marcos Pontes (PL), outro ex-ministro do atual governo, venceu a disputa pelo Senado. No Rio, o governador Cláudio Castro (PL) venceu no primeiro turno Marcelo Freixo (PSB). No Rio Grande do Sul, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) liderava a maioria das pesquisas, mas, ao final da apuração, ficou 10 pontos porcentuais abaixo de Onyx Lorenzoni (PL), também ex-ministro e aliado de Bolsonaro. Ainda com os votos dos gaúchos, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), se elegeu senador.

A abstenção de votos se manteve na casa dos 20% (mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar). O encontro entre os dois principais rivais está marcado para o dia 30 de outubro, último domingo deste mês. A realização da segunda etapa do pleito frustra principalmente a campanha do petista, que, na reta final do primeiro turno, investiu na defesa pelo voto útil na intenção de encerrar a disputa ontem.

Na constante retórica de contestação do sistema eleitoral, Bolsonaro dizia que a eleição se encerraria na primeira fase e seria ele o vencedor.

Em pronunciamento na noite de ontem após o resultado do primeiro turno, Lula afirmou que a chance de debater diretamente com o presidente Bolsonaro é benéfica. "Podemos fazer comparações entre o Brasil que ele construiu e o que eu construí", disse o candidato petista. "Nós vamos ganhar essas eleições. Isso para nós é apenas uma prorrogação", afirmou. Ele também fez um aceno a alianças no segundo turno e indicou que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, poderá iniciar os trabalhos para buscar apoio de candidatos derrotas. "O segundo turno é a chance de amadurecer as propostas, de construir um leque de apoio antes de você ganhar para mostrar para o povo o que vai acontecer, o que vai governar esse país", afirmou.

Na campanha do PT, contudo, as discussões programáticas foram tratadas como coadjuvantes. Apesar da promessa, a equipe de Lula não apresentou um plano detalhado de governo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A omissão, segundo petistas, tinha por objetivo também evitar a resistência de nomes que ainda poderiam manifestar apoio a Lula na reta final. A campanha do ex-presidente deixou sem respostas principalmente na economia.

Eleitorado alvo das atenções dos dois candidatos finalistas, o centro político não logrou êxito no primeiro turno. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) - representante da chamada terceira via, em coligação com PSDB e Cidadania - e Ciro Gomes (PDT) terminaram com um saldo menor de votos do que o esperado. Após disputar sua quarta disputa presidencial, o pedetista falou em deixar a cena política.

'OMISSÃO'

Simone, que terminou com cerca de 4% dos votos válidos, prometeu se posicionar e disse que não irá pecar por omissão. "Foi difícil chegar onde nós chegamos. Apesar de tudo, saímos do zero e conseguimos provar que nossa candidatura era para valer. Foi uma caminhada muito feliz. Estou satisfeita com o resultado. Agora é hora dos presidentes dos nossos partidos se posicionarem. Precisamos analisar os resultados das urnas para nos posicionar. Não esperem de mim omissão."

Nos debates em que os candidatos estiveram frente a frente, Lula acenou a Ciro e a Simone - ainda que ambos tivessem feito duros ataques às gestões petistas, inclusive com denúncias de corrupção e crítica à recessão registrada no governo Dilma Rousseff (PT), alvo de impeachment em 2016. Nos bastidores, interlocutores do PT também conversam com nomes do PDT e do MDB - uma ala do partido, inclusive, já declarou voto no petista no primeiro turno.

Antes da apuração, Bolsonaro se mostrou confiante e voltou a dizer que seria reeleito ao apelar a uma narrativa baseada na dúvida das informações. "Tenho certeza de que, em uma eleição limpa, ganharemos com no mínimo 60% dos votos", afirmou o presidente ao votar no Rio. Ele também afirmou que a eleição representa uma "luta do bem contra o mal" e disse que, "com eleições limpas, tudo bem, que vença o melhor".

Nesse contexto, a radicalização - de ambos os lados - foi a marca desta eleição presidencial, com violência, agressões e mortes. Além do clima tenso nas ruas e nas redes sociais, os embates assumiram o protagonismo, o que colocou de lado os projetos de País dos candidatos. Lula, por exemplo, não apresentou versão final do programa de governo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a justificativa de não criar desconforto com aliados.

Esse espectro de apoios é fundamental para definir o segundo turno e a formação de um eventual governo Lula. Anteontem, o petista já sinalizava a necessidade de ampliar o leque de apoio, até agora majoritariamente formado por partidos de esquerda e líderes do centro. "A gente não tem de ficar com melindre de conversar com quem quer que seja. Nosso barco é que nem a Arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro e nós iremos salvar todo mundo", disse Lula, em entrevista coletiva.

PSDB

A votação de ontem marcou também a maior derrota do PSDB desde a perda do governo federal no início dos anos 2000. Vinte e oito anos depois de chegar ao governo de São Paulo com Mário Covas em 1994, o partido ficou de fora do segundo turno da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, após um conturbado processo interno que deixou a sigla de fora da eleição presidencial pela primeira vez desde a redemocratização. Os tucanos já discutem o que fazer a partir deste novo cenário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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