O setor de comércio e serviços contará com uma secretaria especial vinculada ao MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). O anuncio foi feito segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura da Expo Abras – 39ªConvenção Nacional de Supermercados e 35ªFeira Internacional de Produtos, Serviços, Equipamentos e Tecnologia para Supermercados.

Sem dar mais detalhes sobre o funcionamento da secretaria, Lula esclareceu que a criação do órgão atende a um pedido de empresários do ramo supermercadista, feito durante a Expo Abras do ano passado. "À secretaria caberá a responsabilidade expressa de formular e implementar políticas públicas para o setor, ampliando assim a capacidade de resposta do governo", disse o presidente.

De acordo com presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), João Carlos de Oliveira, representantes do varejo brasileiro – entre eles a Abras – se reunirão com o MDIC na próxima semana para formalização da criação da secretaria. "Nós já temos bom relacionamento com o Furlan (ministro Luiz Fernando Furlan, do MDIC), mas essa será uma nova porta para que o varejo participe mais e dê sugestões."

No Grande ABC, as associações comerciais receberam o anúncio sobre a criação da nova secretaria com otimismo e receio. "Se o órgão for técnico e resolver os problemas do comércio e do setor de serviços, será ótimo. Mas se for outra barreira burocrática, vai atravancar ainda mais a relação do setor com o governo", destacou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Válter Moura.

Já para Marcos Soares, presidente da Aciam (Associação Comercial e Industrial de Mauá) e secretário de Desenvolvimento Econômico de Mauá, a criação da secretaria representa um reconhecimento da importância do comércio e serviços para o desenvolvimento do país. "Descentralizar traz mais eficiência. Isso é o básico da inteligência."

O gerente da Aciargs (Associação Comercial e Industrial de Rio Grande da Serra), Antônio José Mari, também destacou que a secretaria é importante para o setor. "Fica mais fácil, pode abrir portas. Mas é necessário saber mais sobre o funcionamento do órgão." As demais associações consultadas, não quiseram comentar antes de obterem informações mais completas.

Economia em alta – Lula fez o anúncio da nova secretaria em meio a discurso otimista sobre a economia brasileira. Entre os resultados da economia, o presidente citou o aumento das exportações, que crescem mais de 20% ao ano, e o fato de que seis em cada 10 empresas devem investir 18% a mais este ano do que em 2004. "A evolução da oferta, o fôlego da demanda, os resultados nas contas externas e a retomada dos investimentos configuram um ciclo de solidez inédito nas últimas décadas."

Mais uma vez, o presidente reafirmou que a economia não será afetada pela crise política. "Se alguém achou que poderia criar conflito político, exagerar mais ou menos, achando que ia acertar a economia e que o país ia sair do trilho, caiu do cavalo porque a economia está cada vez mais sólida", concluiu Lula.

No mesmo tom de discurso, o ministro Furlan incentivou os empresários a continuar acreditando e investindo no Brasil. "É necessário separar o momento político do econômico. Aqueles que não investirem e não se modernizarem, podem perder para a concorrência."