O desenvolvimento da tecnologia propõe inexoravelmente que a telemática tomará conta do interior do automóvel para oferecer serviços como auxílio à navegação por meio da indicação de rotas, localização de pontos de comércio, pedido de socorro mecânico e uma série de outras facilidades que colocarão o motorista em sintonia com o mundo das telecomunicações.

Mas em meio a esse boom de recursos surge a dúvida sobre qual sua influência na dirigibilidade do veículo, afinal, se hoje é consenso que a simples operação do telefone celular provoca acidentes, o que se dirá da futura onda tecnológica?

Para as montadoras, não há como absorver inovações sem que se garanta o aspecto da segurança ao dirigir. Os simuladores de direção, nesse contexto, ganham importância fundamental, principalmente para dar suporte ao desenvolvimento da ergonomia no interior dos veículos.

A Ford especificamente passou os últimos seis meses elaborando o Virttex, simulador de alta performance que se inspirou em simuladores de combate militar e assim adotou o que é considerado estado-da-arte em termos de geração de imagens.

O Virttex está localizado no Centro de Pesquisas Científicas da Ford, em Dearborn (EUA), onde fica a sede mundial da empresa. Uma enorme cúpula branca, com 7,2 m de diâmetro, construída em fibra de carbono e em um compósito a prova de fogo chamado Nomex, assenta-se sobre uma estrutura de seis cilindros hidráulicos com 3 m de comprimento cada. Dentro da cúpula, por sua vez, está instalado um exemplar do novo Ford Taurus, cujos comandos e controles estão interligados ao sistema computadorizado que cumpre duas funções – fazer o sistema operar e colher informações para os estudos de comportamento na direção. Internamente também se encontram os projetores de imagens e as telas semicirculares na parede da cúpula. Todo o alcance visual do motorista é coberto com as imagens do sistema, o que garante a sensação de realidade.

A estrutura hidráulica da base tem a capacidade de reproduzir com precisão os esforços g (de gravidade) a que normalmente somos submetidos em deslocamentos em ruas e estradas. Todo esse esforço de recriar a realidade tem uma única justificativa, que é o poder de reproduzir quantas vezes se desejar uma dada situação de perigo no trânsito.

Durante as sessões de simulação, o programa de testes pede ao motorista que execute determinadas tarefas, como mexer no CD Player, acionar o e-mail de voz, abrir o vidro e assim por diante. Cada ato é monitorado por sensores, inclusive o movimento dos olhos do motorista que é afetado pela falta de atenção. Esses dados são também gravados para o estudo que se segue posteriormente.

O gerador de imagens do sistema adota cinco canais, cada um deles sobre uma plataforma Intel com dois processadores de 900 MHz . O primeiro balanço das informações obtidas pelo Virttex será apresentado no fim do ano.