Economia Titulo Recuperação
PIB nacional avança 1,2% no 2º trimestre deste ano

Essa foi a quarta alta consecutiva no índice; setor industrial foi o principal responsável pelo crescimento

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
02/09/2022 | 08:24
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Divulgação


O PIB (Produto Interno Bruto) nacional avançou 1,2% entre maio e julho deste ano. O crescimento foi de 3,2% em relação ao mesmo período de 2021 e de 2,5% no ano. O setor industrial, que subiu (2,2%) neste período, é a principal justificativa para a quarta alta consecutiva registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A soma de todos os bens e serviços finais produzidos no Brasil acumulou R$ 2,4 trilhões.

A economista Juliana Trece, do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), explica que o crescimento observado não é estrutural. “É importante acompanhar o PIB e também ter em mente o que levou esses resultados. No Brasil, temos uma demanda reprimida na economia que foi agitada pelas injeções de dinheiro”, disse em entrevista ao Diário. “O PIB é o termômetro da economia, uma maneira de ver como ela está caminhando.”

As ajudas que ela cita foram geradas por itens como a liberação de saque de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a PEC Kamikaze, que aumentou os valores do vale-gás e Auxílio Brasil temporariamente e criou outros benefícios até o mês de dezembro.

INDÚSTRIA NA FRENTE

Os quatro componentes que formam os números da indústria apresentaram resultados positivos no segundo trimestre. São eles atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que expandiu 3,1%; construção (alta de 2,7%); indústrias extrativas (2,2%); e indústrias de transformação (1,7%).

A economista da FGV explica que a taxa de ocupados no Brasil fortaleceu os resultados do PIB nos últimos meses. “A melhora no mercado de trabalho contribuiu bastante para a recuperação da construção. A atividade de eletricidade, que inclui outros itens, também foi importante porque a geração de energia térmica foi menor na comparação com as pesquisas anteriores. Esses foram os destaques.”

O setor de serviços subiu 1,3% no PIB entre maio e julho. Já a agropecuária teve aumento de 0,5% entre trimestres, mas, na comparação com o mesmo período de 2021, recuou 2,5%. Ela foi puxada pela soja (-12,0%) e arroz (-8,5%).

“A soja tem um papel muito importante na agropecuária. Alguns dos motivos desta retração são queda de produtividade e questões climáticas, que geram perdas de produção”, informa.

JUSTIFICATIVAS

A FGV tinha previsto o avanço no PIB no segundo trimestre. Entretanto, a expectativa para os próximos meses é de desaceleração, que tende a seguir até 2023, influenciada pela inflação. “Espera-se encontrar mais dificuldades de crescimento. Existe um risco de retenção global. O Brasil tem a China como o maior parceiro comercial. Se ela entrar em recessão, nossas exportações serão comprometidas.”

Outro item que pode gerar recuo no PIB é a Selic, a taxa básica de juros da economia, que, no momento, já está em 13,75% ao ano.

Neste trimestre encerrado em julho, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB. O número é estável na comparação com o mesmo período de 2021 (18,6%).

Por conta das eleições, Juliana considera que os investimentos serão o segmento mais sensível. “Existem muitas incertezas no ano eleitoral. A economia fica em um compasso de espera, que compromete a tomada de decisão dos empregadores. Eles postergam aquisições de máquinas e contratações de funcionários.” 




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