Política Titulo Ex-ministro
'Será um candidato do Lula e um do Bolsonaro no 2º turno’

O ex-ministro da Infraestrutura e candidato ao governo do Estado Tarcísio de Freitas (Republicanos) garantiu que nenhuma obra será paralisada em uma eventual administração.

Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
02/09/2022 | 08:08
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Claudinei Plaza/DGABC


O quanto o tema mobilidade estará presente em uma futura gestão do sr. e como o Grande ABC estará inserido em seu plano?

Um dos desafios que nós temos é o aumento da produtividade e isso tem relação direta com a mobilidade. Muito ruim quando a gente vê trabalhadores perdendo muitas horas por dia nos deslocamentos. O transporte metroferroviário deixou de crescer nos últimos anos, com avanço tímido. É muito importante que o Metrô chegue a regiões próximas à Capital. Pretendemos expandir o Metrô. A Linha 20-Rosa, que vai ligar São Bernardo ao bairro da Lapa, será uma prioridade. Não tem cabimento mais o Metrô não vir para o Grande ABC. Também há a questão do BRT, que é a transformação da Linha 18. Quanto mais integrada a rede de transporte, mais eficiência a gente vai ter.

Por que o sr. acha que demorou tantos anos para o Metrô chegar ao Grande ABC?

Entendo que é a questão de prioridades. Quando a gente pensa na expansão do Metrô para a Zona Leste, para a região oeste, para o Grande ABC, precisa encarar isso como prioridade, pela quantidade de pessoas que moram aqui e pela relevância econômica. É uma somatória de falta de prioridades de algumas administrações. Se tiver prioridade e competência, é possível seguir.

Um de seus adversários, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), disse recentemente em rever o contrato do BRT-ABC, o que irá impactar na obra, prevista para ser concluída pelo próximo governador. Qual sua avaliação?

Minha avaliação é que a gente tem de dar continuidade ao que está andando. Houve, lá atrás, uma substituição do monotrilho pelo BRT, o que, na minha avaliação, faz algum sentido. Tanto monotrilho quanto BRT são sistemas de média capacidade, só que o custo de implantação do BRT é mais baixo. A substituição, do ponto de vista técnico, é adequada. Agora não faz sentido rever e parar. Nossa política no Ministério da Infraestrutura foi concluir o que já estava em andamento e terminar as obras paradas. O BRT vai atender uma quantidade muito grande de pessoas. Temos de investir no BRT e ao mesmo tempo trabalhar para o Metrô chegar.

Há uma demanda muito grande na região pela volta da Estação Pirelli na Linha 10-Turquesa da CPTM. O sr. tem intenção de reativá-la? E de que forma?

Tenho sim. Já tenho assumido esse compromisso, que a gente sabe que é uma demanda grande dessa linha que vai até Rio Grande da Serra. Vamos colocar para funcionar. Não há nenhum grande desafio do ponto de vista operacional e financeiro. É uma estação que a gente consegue voltar a operar em pouco tempo, em curto prazo.

Por qual razão, na avaliação do sr., a gente ainda não tem o Rodoanel totalmente concluído?

Por falta de planejamento e capacidade de execução. Não tem por que o Rodoanel ainda não estar concluído. A obra tem 85% de conclusão e se não termina ela vai se deteriorando a cada ano. O esforço financeiro e o retrabalho serão maiores.

O sr. trabalhou, como ministro, pela privatização do porto de Santos. O que o Grande ABC pode ser beneficiado com isso?

O Grande ABC tem uma vocação industrial. A gente implantou no porto a lógica de clusterização, ou seja, um porto compartimentado. Antes tinha misturas de cargas em terminais. Agora vamos ter terminais de grãos, de fertilizantes, de veículos, de contêineres. Isso é interessante para uma região que é industrial. Dentro do cluster de contêineres, vamos ter leilões de arrendamento de grandes terminais. E ainda vamos contar com os terminais da empresa Santos Brasil e da DP World. O porto de Santos vai se transformar em um grande hub de contêineres. E isso vai beneficiar o Grande ABC pelo aumento da capacidade portuária, principalmente na área de contêineres.

O Grande ABC também pode se transformar em referência para área de porto seco, para armazenagem antes de chegar a Santos?

Sem dúvida. Tem toda vocação e a gente tem espaço para isso. É muito mais interessante ter um pulmão aqui em cima, para descer a serra de acordo com a programação da chegada dos navios. A região pode ter mais áreas alfandegadas para o despacho paulatino de cargas.

A região tem sofrido um processo de desindustrialização, com recentes saídas da Ford e anúncio da Toyota. O que um governador pode fazer para frear isso?

É preciso ter um Estado mais competitivo, mexendo em alavancas como o aumento da oferta de energia, com possibilidade de usar gás do pré-sal, e a questão tributária. Para ter competitividade, é preciso mudar essa lógica. São Paulo está perdendo na guerra fiscal. Mexer na redução de alíquotas é fundamental. O crédito também tem de chegar na ponta, ajudando o micro e pequeno empreendedor, com uma espécie de Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) estadual.

Falando sobre segurança, o sr. tem defendido a retirada das câmeras nos uniformes dos policiais. Por qual razão?

Está sendo dado um tratamento de suspeito ao policial nesta questão. Todo mundo está sofrendo com a falta de percepção da segurança pública. Está todo mundo se sentindo inseguro. Não dá para ter policial em situação de desvantagem. Tem de tirar a câmera, apoiar o policial e a criminalidade vai cair, porque ele está sendo respeitado. Aquele cidadão que veste farda para nos defender precisa ter o amparo do Estado. Não estou preocupado com a letalidade policial e sim com a segurança e bem-estar do cidadão.

O sr. acredita que a eleição estadual seja polarizada, a exemplo do que está ocorrendo na disputa federal?

Já está polarizada. As pesquisas mostram. A sociedade está muito dividida e São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil. Aqui no segundo turno terá um candidato do Lula (PT) e um candidato do Bolsonaro (PL). O que vai acontecer no cenário nacional vai reproduzir em São Paulo. Pela primeira vez, há uma disputa entre atual e ex-presidente. Quem não tem padrinho, morre pagão.

Nesse cenário, qual será então o desafio para o sr. em atrair os votos tucanos em um eventual segundo turno?

O sentimento antipetista é muito forte em São Paulo. E tenho um histórico de realizações. Vou mostrar o que fiz e minha capacidade de tirar o projeto do papel.


Como o sr. rebate um argumento muito usado pelo governador Rodrigo Garcia de que o sr. não é de São Paulo?

É uma visão preconceituosa e desrespeitosa com 6 milhões de nordestinos que trabalham em São Paulo, com 5 milhões de descendentes italianos, com a colônia japonesa, com a comunidade sírio-libanesa. A riqueza de São Paulo foi construída por paulistas e imigrantes. Há uma carga enorme de preconceito. Se olhar o governo João Doria, havia secretários de muitos lugares do Brasil. Eu montei um grande time de São Paulo, que vai me ajudar a dar as soluções para os problemas do Estado.
 




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