Economia Titulo Contramão
Prévia da inflação indica segunda queda consecutiva

A deflação foi de 0,73% puxada pelas retrações nos combustíveis; em12 meses a alta acumulada é de 9,60%

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
25/08/2022 | 08:44
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Claudinei Plaza/DGABC


A prévia da inflação oficial, calculada pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), apresentou a segunda queda consecutiva. Em agosto, a deflação foi de 0,73%, puxada, novamente, pelas retrações nos combustíveis. Essa é a menor taxa registrada desde novembro de 1991, quando iniciou a série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O setor de transportes foi o que se destacou positivamente, com redução de 5,24%. Por outro lado, alimentação e bebidas subiu 1,12%. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 acumulou alta de 9,60%.

Fernando Umezú, coordenador do curso de Ciências Econômicas e do Núcleo de Economia e Finanças da ESEG (Faculdade do Grupo Etapa), comenta que o IPCA mede a variação de preços de bens e serviços importantes para os consumidores. Segundo ele, a queda apresentada nesta prévia foi estimulada pelos cortes no ICMS, cotações do mercado externo e suas repercussões.

As mudanças nos valores dos combustíveis (-15,33%) foram influenciadas, principalmente, pela gasolina (-16,80%). O etanol caiu 10,78%, gás veicular 5,40% e óleo diesel 0,56%.

Em seguida, está habitação (-0,37%), vinculado aos cortes de preços da energia elétrica residencial, que recuou 3,29%. Logo depois, comunicação foi o terceiro e último setor a apresentar queda (-0,30%), influenciados por planos de telefonia fixa (-2,29%) e de telefonia móvel (-1,04%) em agosto.

“O efeito da fixação de teto sobre a cobrança do imposto estadual já está precificado nos combustíveis. As variações de preços podem ocorrer baseadas no comércio internacional e valor do petróleo, por exemplo. Como as reduções são em campos pontuais, a tendência é que a deflação não persista por muito tempo”, pontua Umezú.

De acordo com ele, alguns preços podem acumular altas que chegarão no próximo ano e quedas repetitivas em diversos grupos do IPCA significariam um cenário de crise, mas, neste caso, os cortes se concentram nos combustíveis.

MAIS CARO

As reduções são perceptíveis nos setores influenciados diretamente pelos combustíveis. Na contramão, o grupo alimentação e bebidas continua com a maior variação mensal, de 1,12%. Só em agosto, o leite longa vida aumentou 14,21%, sendo o maior impacto individual positivo na prévia.

“Esse salto no preço tem relação com os insumos agrícolas utilizados, como ração para o gado e adubos e fertilizantes para outras produções. A guerra no leste europeu interferiu nisso, já que a Ucrânia exporta a maioria desses itens”, ressalta o coordenador. No geral, o leite teve acréscimo acumulado de 79,79% no ano.

No mesmo setor, as frutas (2,99%), queijo (4,18%) e o frango em pedaços (3,08%) apresentaram altas significativas. Motivada por esses números, a alimentação no domicílio teve variação positiva de 1,24% em agosto.

Comer fora de casa também ficou mais caro neste mês, com aumento de 0,80% (menos do que em julho, que o índice ficou em 1,27%). O lanche (0,97%) e a refeição (0,72%) tiveram variações menores em comparação àquelas de julho (de 2,18% e 0,92%, respectivamente).

ELEIÇÕES INTERFEREM?

Com as votações se aproximando, Umezú alerta para a possível desvalorização do câmbio. “As eleições podem interferir diretamente no real, como vimos nas anteriores. A incerteza do mercado com o futuro do país enfraquece a moeda nacional.” 




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