Economia Titulo Queda no custo de vida
Brasil registra maior deflação da história em julho, de 0,68%

Resultado é consequência da redução nos preços de gasolina, etanol e energia elétrica; na contramão, leite, derivados e frutas pressionam IPCA

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
10/08/2022 | 07:58
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Celso Luiz/DGABC


O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do País, retraiu 0,68% em julho. O número foi divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A queda do custo de vida é chamada de deflação. Foi a menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980.

Queda de preços nos setores de transportes (-4,51%) e habitação (-1,05%), marcados por cortes tributários em combustíveis e energia elétrica, resultaram na deflação. A última vez em que o fenômeno havia ocorrido no Brasil foi em maio de 2020, sinalizando 25 meses com altas consecutivas. Leite e frutas puxaram o índice.

Em São Paulo, os custos do setor de transportes caíram 3,58%, com queda de 12,40% nos combustíveis de veículos, enquanto as fontes de energia domésticas retraíram 0,78%. Os efeitos são dos reajustes no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a gasolina, em junho, e gás de cozinha e etanol, em julho.

Rafael Leão, economista-chefe da Barra Peixe Investimentos, explica que a deflação é um fenômeno caracterizado pela queda generalizada dos preços. Nesse caso, ela esteve concentrada no efeito da alteração de valores que são administrados pelo governo, como o ICMS. “Combustíveis e energia têm peso relativamente grande no IPCA. Quando a deflação é geral e todos os preços têm reduções, significa que a economia está em crise. Nesse processo, que não é o que encontramos agora, ocorre aumento de desemprego, os consumidores postergam as compras, os produtores oferecem seus bens e serviços por preços cada vez menores etc.”, pontua o especialista.

No entanto, o IPCA não apresentou só diminuições. O setor de alimentação e bebidas teve o maior aumento, de 1,30% no Brasil no último mês. Alimentação no domicílio saltou de 0,63% em junho para 1,47% em julho.

O leite longa vida teve acréscimo de 25,46%, seguido pelos derivados como leite condensado (6,66%), manteiga (5,75%) e queijo (5,28%). “Com pandemia, inflação, aumento do dólar, houve alta nos preços da ração bovina. Isso elevou o custo da vaca leiteira e outros itens que pesam na produção, como suplementação, fertilizantes e transportes. Esse cenário reduziu a oferta de leite no Brasil. Os preços dispararam porque a demanda não baixou.”

As frutas também influenciaram o indicador, acelerando 4,40%. No Grande ABC, a banana (10,82%) e laranja (8,55%) foram os dois alimentos que mais subiram no último mês, perdendo apenas para a cebola (21,12%), segundo a pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

De acordo com o economista Rafael Leão, a tendência é que o índice ainda tenha deflação em decorrência dos resultados secundários das reduções nos combustíveis. “Os custos de produção devem cair, aliviando, assim, preços de alimentos e outros produtos que dependem do sistema rodoviário. Depois de agosto, as retrações serão mais modestas”, destaca. 




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