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Tacadas de golfe rendem R$ 171 mil para crianças com câncer
Do Diário do Grande ABC
18/06/2000 | 18:31
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Algumas centenas de tacadas de golfe renderam R$ 171 mil para ajudar o tratamento dos quase 2 mil doentes atendidos pelo Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), de Sao Paulo. Esse foi o resultado financeiro da 1ª Taça Graacc de Golfe, disputada sábado e domingo no Terras de Sao José Golf Club, em Itu.

Cem golfistas amadores pagaram R$ 150,00 de inscriçao para participar do evento beneficente. O resultado foi tao animador que o presidente da Federaçao Paulista de Golfe (FPG), Alvaro Almeida, anunciou a inclusao do torneio no calendário oficial da entidade. "Será uma competiçao aberta e anual, valendo pontos no ranking."

A iniciativa foi comemorada pelo advogado Alberto Zurcher, organizador do torneio e colaborador do Graacc. "Passaremos a ter uma verba anual garantida e um grande instrumento de marketing para estimular as contribuiçoes."

O patrocínio de mais de uma dezena de empresas foi a maior fonte de renda do torneio, com a receita de R$ 103 mil. Houve patrocínio até para os buracos e as bolinhas.

Prêmios e doaçoes renderam R$ 46.650,00, as inscriçoes dos participantes somaram outros R$ 14.700,00 e as vendas de convites para dois coquetéis realizados no clube geraram mais R$ 3.150,00. Os restantes R$ 3.500,00 foram obtidos com o leilao de peças trabalhadas pela artista plástica Cleide Almeida, esposa de Alvaro.

"Todo mundo vestiu a camisa", disse o presidente do Graacc, engenheiro Jacinto Antonio Guidolin. Generosidade à parte, os competidores, divididos em três categorias mistas conforme o handicap - 0 a 12, 13 a 24 e de 25 a 36 - empenharam-se na disputa pelos primeiros lugares.

O presidente Alvaro Almeida, disputando na categoria 13 a 24, vibrava muito a cada boa tacada. "Na verdade, estou torcendo mesmo pelo meu filho, Felipe, que concorre na categoria principal." Terceiro no ranking adulto da federaçao, Felipe mantinha-se entre os primeiros.

O casal Rui Mori e Ruriko Nakamura, ela segunda no ranking feminino adulto, lideravam a catedoria principal. Os vencedores só seriam conhecidos à noite. Mas o clima de congraçamento era maior que a disputa. O prório Zurcher perdeu a concentraçao e errou algumas tacadas em razao do assédio dos fotógrafos. "É por uma boa causa", justificava.

Ele espera que o golfe torne o Graacc mais conhecido e estimule as doaçoes. Empresários como Bob Coutinho, do Esplanada Grill, estavam inscritos entre os competidores. "O sucesso desse torneio vai garantir participaçao ainda maior no próximo", previu.

Transplantes - O Graacc realizou, na semana passada, seu 15º transplante de medula e um dos primeiros no Brasil com o uso de cordao umbilical. O oncologista pediátrico Sérgio Petrilli comandou a cirurgia, realizada no hospital da entidade. "Estamos tendo a felicidade de proporcionar maior oportunidade de transplantes no País", afirmou Guidolin.

Ele lembrou que, há alguns anos, os pacientes tinham que ser levados para os Estados Unidos, a um custo elevadíssimo. Era comum encontrar faixas e campanhas de rua para arrecadar recursos.

Guidolin engajou-se no Graacc, criado em 1991, a convite de Petrilli e da professora Lea Della Casa Mingione. Ele tivera um caso da doença na família. "O primeiro passo foi envolver a comunidade para reformar a nossa casinha, entao alugada, e transferir para lá o tratamento das crianças com câncer."

No começo, eram atendidas 40 crianças. A Universidade Federal de Sao Paulo/Escola Paulista de Medicina e empresários passaram a dar apoio ao trabalho. Em 1993, parte do dinheiro arrecadado pela rede McDonald's no Mc Dia Feliz foi para a entidade e ajudou a iniciar a construçao do seu hospital, o Instituto de Oncologia Pediátrica.

A obra começou com três andares, mas terminou com 11 pavimentos. Ali recebem assistência, totalmente gratuita, 1.700 crianças, muitas delas em regime domiciliar. "A criança vem para o tratamento e volta para casa", explicou Guidolin.

Há também a Casa da Família, para abrigar os doentes que sao de fora da capital. O atendimento estende-se às famílias carentes, contempladas com cestas básicas e passes de ônibus. "Se você nao der um suporte social, corre o risco de comprometer a parte médica", disse.

A unidade conta com brinquedoteca, salas de fisioterapia e informática e equipes de contadores de história. Sao mais de 120 voluntários. "Temos fila de espera para o voluntariado." O presidente anima-se quando fala da participaçao dos voluntários - entre eles pessoas muito bem postas socialmente - e das empresas no projeto.

"Nao é só caridade, é um sinal de que o povo brasileiro está abrindo o olho para a responsabilidade social, ou seja, de que a necessidade alheia também nos diz respeito."




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