Economia Titulo Maior média histórica
Cesta básica passa a custar R$ 1.141 no Grande ABC

Maior valor registrado desde início da pesquisa da Craisa representa 94,14% do salário mínimo

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
04/08/2022 | 08:02
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O preço da cesta básica no Grande ABC atingiu R$ 1.141,01 em julho – a maior média histórica registrada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). Essa é a terceira alta seguida após diminuição de R$ 19,85 em abril. Assim, o valor do conjunto de itens básico já corresponde a 94,14% do salário mínimo, de R$ 1.212.

O custo chegou aos quatro dígitos em janeiro, quando o consumidor gastava R$ 1.002,84 para comprar a cesta básica na região. Em seis meses, o total aumentou 13.77%, ou R$ 138,17.

Os alimentos com as maiores elevações em julho foram cebola (21,12%), banana (10,82%) e laranja (8,55%). Entre os produtos de higiene pessoal e limpeza, a esponja de aço (21,90%) e papel higiênico (11,96%) puxaram os índices do mês. Os dados são do levantamento regional da Craisa consideram 34 itens de consumo básico mensal para uma família com quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças.

O engenheiro agrônomo responsável pelo estudo, Fábio Vezzá De Benedetto, destaca que os reajustes nos combustíveis refletem diretamente nos valores nas prateleiras. “A atual safra da cebola, por exemplo, é do Interior do Estado. Apesar de ser perto, ainda tem custo de transporte. Nesse caso, também usam muitos fertilizantes, que pesam nos gastos.”

Em julho, 21 das 34 mercadorias registradas tiveram acréscimos nos preços.

“Tudo está caro”, lamenta a aposentada Riete Rocca, 59 anos. A moradora da Vila Alzira, em Santo André, vai ao supermercado todos os dias na tentativa de encontrar alguma promoção. “Venho comprar pão e fico de olho nas ofertas. Na semana passada, levei o café por R$ 13. Se encontro um produto mais em conta, aproveito para levar.” O preço médio do pacote de 500 gramas do café tradicional está R$ 18,43 na região, indica a Craisa.

Apesar da estratégia de Riete para economizar, os valores dificultam ações básicas, como temperar o arroz ou preparar o café da tarde. “Estou levando só três cebolas, compro de pouquinho para gastar menos. Não dá nem para tomar café com leite hoje em dia”, comenta.

No Grande ABC, o leite longa vida teve alta de 8,54%. No Brasil, foi de 22,27%. “O frio e seca típicos do inverno prejudicam a qualidade das pastagens. O rebanho precisa de alimentação suplementar com ração à base de milho e soja. Ambos estão caros por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, dois dos principais produtores desses insumos. O pecuarista repassa os gastos”, ressalta De Benedetto. “Além disso, um galão de herbicida que, em agosto de 2021, custava R$ 400, agora está R$ 1.500.”

Para sustentar a família, a diarista Shirlei Aparecida, 51, vai ao mercado uma vez por mês comprar todos os itens de que necessita. “Já cheguei a gastar R$ 1.200, dependendo do mês e dos produtos. Na minha casa tem eu, minha mãe, irmão, meus três filhos e neto. Eles já estão enjoados de frango, mas é o que dá para comprar. A prioridade é arroz, feijão e café. Todas as misturas aumentaram bastante. Até ovo está caro”, relata a moradora do Jardim Oriental, em Santo André.

Na região, enquanto o coxão mole ficou, em média, R$ 43,39 e o acém R$ 34,47, o quilo do frango retraiu 4,72% e custou cerca de R$ 11,06 em julho. O creme dental (-9,72%), sabão em pó (-3,89%) e sabão em barra (-3,61%) também ficaram mais baratos. 




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