Os líderes do PT ligados às universidades e ao setor de ciência e tecnologia reagiram negativamente neste domingo à notícia de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva poderia desmembrar o ensino superior do MEC (Ministério de Educação e Cultura). Boatos sobre essa reestruturação do MEC, defendida pelo senador eleito Cristovam Buarque (PT), já circulavam desde segunda-feira, quando o Núcleo de Ciência e Tecnologia do PT reuniu-se no Rio de Janeiro e, por unanimidade, rejeitou a proposta.   

Entre os presentes na reunião, estavam o ex-reitor e prefeito de São Carlos, Newton Lima, responsável pelo programa de governo na área de educação, o engenheiro e professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ, e o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), além de secretários de Ciência e Tecnologia de vários Estados. “É uma surpresa que exige discussão melhor. Não fez parte das propostas do grupo de ciência e tecnologia nem do grupo das universidades coordenado pelo Newton Lima”, disse Pinguelli Rosa.   

Entre os reitores e os líderes docentes, a proposta também não é bem aceita, como frisa o presidente do Andes-Sindicato Nacional, Luiz Carlos Lucas: “Vamos tentar impedir isso. Seria uma medida tomada do alto, sem consulta e contra a opinião da comunidade universitária”. Cristovam considera o desmembramento do ensino superior uma medida lógica e positiva, pois permitiria uma maior atenção ao setor, mas reconhece que existe “preconceito” à idéia. “Se a comunidade for contra, Lula não deverá fazer, mas isso impossibilitará o futuro ministro de fazer algo muito diferente do atual”, opina o senador eleito.