Política Titulo Cassação
Suplente acusa Claudinho de oferecer pasta para obter apoio

Segundo ele, prefeito de Rio Grande queria que vereador assumisse Esportes para evitar cassação

Daniel Tossato
29/06/2022 | 08:52
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André Henriques/DGABC


Suplente do vereador Claudinho Monteiro (PTC), Waine Aparecido Arcanjo, 48 anos, o Arcanjo, acusa o prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (PSDB), de tentar barrar o avanço de sua cassação na Câmara ao oferecer cargo de secretário de Esportes a Monteiro. A manobra teria como objetivo levar o próprio Arcanjo a assumir a vaga como vereador e apoiar o chefe do Executivo durante a votação do impeachment.

A proposta teria ocorrido em conversa telefônica, na qual o próprio prefeito buscava Arcanjo para que construísse diálogo com Claudinho Monteiro com a intenção de convencer o vereador a assumir a Secretaria de Esportes da cidade. Dessa forma, Arcanjo poderia assumir a vaga de Monteiro na Câmara.

O Diário teve acesso a um diálogo de sete minutos e 12 segundos entre o prefeito Claudinho da Geladeira e Arcanjo. Já no início da conversa, o prefeito questiona Arcanjo se tinha falado com Monteiro e se já assumiria a cadeira como vereador. “E aí, não vai virar vereador, pô?”, indaga o chefe do Executivo. “Não conseguiu articular lá com o cara (Claudinho Monteiro) para ele virar secretário no Esporte?”, questiona novamente o prefeito. “Estava conversando com ele, com o (Claudinho) Monteiro”, responde Arcanjo. A conversa em questão ocorreu no dia 11 de janeiro.

O Diário também conversou com Arcanjo, que confirmou o teor da conversa e afirmou que o prefeito sempre ligou para ele com a intenção de oferecer a Secretaria de Esportes a Monteiro, fazendo assim com que Arcanjo assumisse a vaga do vereador.

“A intenção do prefeito sempre foi se salvar do processo (de impeachment) que ele sofre na Câmara. Ele sempre falou para eu conversar com o Claudinho Monteiro e tentar fazer a cabeça dele para que ele assumisse a cadeira de secretário. Ele sempre quis negociar. Sei que ele cometeu um crime”, declarou Arcanjo ao Diário. “Eu apenas concordava, mas não pensava em fazer algo assim”, declarou o suplente de vereador. A Câmara pretende votar os processos de cassação do prefeito amanhã e sexta-feira.

Essa não é a primeira vez que a gestão de Claudinho da Geladeira atua de maneira não republicana para tentar se salvar dos processos que querem cassá-lo. O Diário também revelou, com exclusividade, que o secretário de Governo do tucano, Admir Ferro, realizou transferências financeiras para a conta do ex-funcionário da Câmara Gabriel Campagnoli, na intenção de comprar a narrativa do rapaz e suspender os processos de impeachment. Antes disso, Campagnoli foi pivô de ação da Polícia Civil e que paralisou a atuação das comissões processantes.

O plano de Admir Ferro surtiu efeito por um tempo, mas na semana retrasada Campagnoli elaborou delação junto ao MP (Ministério Público) e revelou que acabou sustentando o discurso combinado por ter recebido os valores. Assim que a delação foi homologada, a Justiça decidiu que as duas comissões que processam o prefeito poderiam ser retomadas.

Ao Diário, o vereador Claudinho Monteiro declarou apenas que o prefeito “é louco” e que ação do chefe do Executivo “é gravíssima”.

O Diário também questionou a Prefeitura de Rio Grande da Serra, mas mais uma vez o Executivo não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição.  




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