Templo Luz do Oriente, em Ribeirão Pires, mantém vivas a cultura e as tradições nipônicas no Grande ABC
A cultura japonesa ganha cada vez mais projeção no cenário global. No Brasil, a relação com o Japão teve importante marco em 1908, com a chegada dos primeiros imigrantes ao País, no Porto de Santos. No sábado, 18 de junho, foi celebrado o Dia da Imigração Japonesa ao Brasil. De acordo com o Consulado Geral do Japão em São Paulo, 1,6 milhão de japoneses e seus descendentes moram em solo brasileiro, dos quais 75%, ou 1,2 milhão, estão no Estado.
Apesar de não haver dados específicos sobre a população nipônica no Grande ABC, a cultura japonesa tem destaque na região. Um dos pontos mais emblemáticos está em Ribeirão Pires: a Torre de Miroku do Templo Luz do Oriente, aberta ao público em 2018. A história deste espaço começa muito antes, em 1955, e tem forte ligação com o movimento imigratório.
É o que conta o reverendo Hiroki Nakahashi, do Templo Luz do Oriente. “A história seria de meu pai. Ele veio com outros imigrantes, só que o objetivo dele era diferente. Os imigrantes vinham para começar nova vida, trazendo a cultura deles, mas com as devidas dificuldades. É bom voltar um pouco no tempo para se colocar em um país devastado pela guerra, sem comida. Então, eles partem para novos sonhos, outros países, e o Brasil recebeu todos esses imigrantes”, lembra Nakahashi, filho do reverendo Minoru Nakahashi, fundador da Igreja Messiânica no Brasil.
“Meu pai veio de uma família do interior do Japão que tinha um pequeno comércio. Passou apuro, mas não tanto como os agricultores. Meu pai quis vir mais por conta de outro ideal. Aos 15 anos, ele se tornou religioso da messiânica e queria expandir para outros países. Com menos de 20 anos ele decide que queria vir para o Brasil difundir a doutrina”, conta o reverendo Hiroki.
Minoru estabeleceu o primeiro templo em Guarulhos. Anos depois, os ensinamentos de Meishu-Sama foram levados por Minoru ao Templo Luz do Oriente. Por volta dos anos 2000, seguidores da doutrina doaram propriedade em Ribeirão Pires para a implantação de espaço religioso, onde foi construída a Torre de Miroku, às margens da Represa Billings. O espaço, que deve reabrir para visitação do público no sábado, após período de reforma, é repleto de símbolos que remetem às tradições do Japão. A mistura das culturas nipônica e brasileira é evidente no local. A universalização, segundo Hiroki e sua mulher, a brasileira Elaine Nakahashi, faz parte da essência do templo. “Sempre sob orientação de Kannon, que é a dinvidade principal na nossa doutrina, conhecida no Oriente como Deus da misericórdia, que abraça a todos sem discriminação de etnia, de religião”, explicou Elaine.
Informações sobre visita à Torre de Miroku disponíveis no site tamatur.com.br
Roteiro nipônico é destaque turístico no Grande ABC
Ribeirão Pires recebeu os primeiros colonos japoneses em 1923. Anos depois, em 1945, a colônia fundou a Associação Nipo-Brasileira da cidade, que se mantém ativa.
Foram esses colonos que, em 1971, com a Prefeitura, construíram um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, o Jardim Japonês, O município ganhou, entre 2018 e 2019, a Torre de Miroku e o Parque Oriental.
Os pontos integram roteiro que movimenta o turismo e atrai visitantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e outras regiões, afirma a guia turística Evete Sawada, 65 anos, filha de japoneses e moradora de Ribeirão Pires.
“A Torre de Miroku é o maior atrativo”, explica. “É uma honra e um orgulho saber que os japoneses são bem lembrados e que essa história permanece viva”, disse.
DE OLHO NO FUTURO
Na celebração do Dia da Imigração Japonesa ao Brasil (18 de junho), o cônsul-geral do Japão em São Paulo, Kuwana Ryosuke, destacou olhar ao futuro da relação entre os países . “Expresso nosso desejo de continuarmos trabalhando para o desenvolvimento, promovendo os laços de amizade entre Brasil e Japão pelos muitos anos e gerações que virão”.
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