O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, indiciado pelo SYF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção ativa e formação de quadrilha devido a sua participação no escândalo do ‘Mensalão’ (espécie de ‘mesada’ paga a parlamentares da base aliada para que votassem a favor de projetos de interesse do governo), disse nesta terça-feira que seu cliente já obteve uma vitória.
“Eu acho que a grande vitória moral de Delúbio Soares nesse julgamento foi o reconhecimento unânime do Supremo Tribunal Federal de que ele não participou de nenhum desvio de dinheiro público, acho que essa é a principal importância desse julgamento para ele. A rejeição da denúncia de peculato (apropriação indevida de dinheiro público) contra ele foi o seu grande saldo positivo”, assinalou Malheiros Filho.
O relator da denúncia no STF, ministro Joaquim Barbosa, citou depoimentos que demonstram a aproximação de Delúbio com o publicitário Marcos Valério, líder do núcleo publicitário-financeiro do esquema, e com a diretoria do Banco Rural, por onde circulava parte do dinheiro do ‘Mensalão’. “São fartos os indícios que apontam para a importante participação de Delúbio Soares na prática dos crimes citados”.
Mesmo assim, o advogado de Delúbio mantém a avaliação que havia feito durante a defesa oral. “Considero a denúncia inepta, mas respeito a decisão do Supremo”, afirmou.
Segundo o advogado, agora, com o recebimento da denúncia por corrupção ativa e dentro do que seria uma quadrilha, o que se vai apurar no processo é se houve um acordo entre partidos de apoio financeiro ou se houve compra de votos. “Estou confiante de que a primeira hipótese será demonstrada”, disse.
Malheiros Filho considerou que será difícil para o procurador provar as acusações. “Realmente não será fácil, até porque eu acredito que não houve a compra de votos. O ‘Mensalão’, com essa característica de um pagamento mensal regular, isso ficou provado que não existiu. Houve transferência sem regularidade e sem conexão com votações ou com prática de atos pelos beneficiários das transferências”.
Assim como outros advogados, Malheiros espera que, a partir de agora, o processo seja rápido. “A acusação é sempre um peso. Como disse o ministro Gilmar Mendes, o processo já é pena, então quanto mais demorado, mais sofrimento ele é. Agora, eu reconheço, é um processo muito difícil de ser julgado rápido, são muitos réus e muitos fatos imputados, é uma complexidade muito grande”.
A estratégia da defesa é aguardar a fase de interrogatório. “Até o interrogatório, eu, particularmente não planejo fazer absolutamente nada. E depois é acompanhar essa instrução, essas testemunhas de acusação e de defesa”, completou.