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Jornal moderado é fechado no Irã por entrevistar uma homossexual
Da AFP
06/08/2007 | 15:38
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O Irã fechou pela segunda vez em menos de um ano o grande jornal moderado Shargh por ter publicado uma entrevista com uma militante homossexual, novo sinal de um recrudescimento das autoridades com a imprensa.

"A razão essencial para seu fechamento é uma entrevista com uma contra-revolucionária que tenta promover idéias imorais", explicou Alireza Malekian, diretor de publicações do Ministério iraniano da Cultura, citado pela agência oficial Irna. “Cabe agora à justiça decidir se o jornal deve ser fechado definitivamente”, acrescentou Malekian.

Segundo ele, "o organismo de monitoramento da imprensa suspendeu o jornal após ter examinado um artigo que dá a palavra a uma contra-revolucionária que prega idéias imorais. Esta mulher é conhecida por promover a depravação em seu site". Ghahreman mantém um site chamado "Cheragh" (Lanterna) dedicado a lésbicas e gays.

Em sua edição de sábado, o Shargh publicou, sob o título "Linguagem feminista", uma entrevista de uma página com Saghi Ghahreman, uma poeta iraniana que vive no Canadá.

"Publicamos uma entrevista com uma escritora expatriada. Eles nos disseram que esta mulher tinha problemas de costumes, que ela era homossexual e dizia isso em seu blog. Mas a entrevistamos como poeta", declarou o diretor do jornal Mehdi Rahmanian.

O advogado do Sharg, Mahmud Alizadeh Tabatabai, considerou que o fato de se "entrevistar uma pessoa não pode ser motivo para fechar um jornal quando não há nada de mal".

O jornal conservador Kayhan se referiu nesta segunda-feira à poeta, classificando-a de "contra-revolucionária foragida e que dirige a organização iraniana dos homossexuais". O jornal acrescenta que "os observadores acreditam que quando a entrevistou, o Shargh sabia bem que ela é homossexual e que defende idéias dissidentes".

Hoje, no entanto, o jornal publicou em sua primeira página um pedido de desculpas, afirmando ter entrevistado esta mulher ignorando suas escolhas pessoais. O periódico prometeu que "evitaria no futuro este tipo de pessoas e seus movimentos".

Censura
- O homossexualismo é proibido na República Islâmica, onde os homossexuais correm o risco de serem condenados à pena de morte.

O Shargh já teve sua circulação proibida por nove meses em maio por ter publicado uma caricatura considerada insultante pelo presidente Mahmud Ahmadinejad.

Em julho, as autoridades iranianas fecharam um outro grande jornal moderado, o Ham Mihan, apenas dois meses e meio depois de sua autorização para que voltasse à circulação.

O jornal reformador Mosharekat, órgão oficial do principal partido reformador iraniano, a Frente da Participação, hoje na oposição, também teve sua licença de publicação definitivamente anulada.

Alguns dias depois da suspensão do Mosharekat, o ministro da Cultura Mohammad Hossein Safar Harandi denunciou um "golpe de Estado em curso" na imprensa.

Atualmente existem quarenta jornais no Irã, metade deles ligados aos reformadores e aos moderados. A última grande ofensiva do governo iraniano contra a imprensa ocorreu em 2000 quando o poder judiciário, dominado pelos conservadores, fechou dezenas de publicações ligadas aos reformadores então no poder.




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