Nacional Titulo Analgésico usado em animais
Droga das baladas e dos golpes, cresce uso da ketamina em São Paulo

Exames toxicológicos mostram aumento de 79% entre 2019 e 2021

06/06/2022 | 08:05
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Usada oficialmente no País como tranquilizante anestésico para animais de grande porte, como cavalos, a cetamina (ou ketamina) tem crescido como droga popular para uso recreativo e aplicação de golpes do tipo "boa noite, Cinderela", em que criminosos drogam a vítima para praticar roubos e outros delitos. O Estado de São Paulo teve alta de 78,94% nos exames toxicológicos que detectaram a substância entre 2019 e 2021, segundo dados da Polícia Técnico-Científica obtidos pelo Estadão via Lei de Acesso à Informação. Em abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) elevou o grau de risco do produto.

Em 2013, apenas cinco exames feitos pela Polícia Técnico-Científica apontaram ketamina. Já em 2022 foram 34 de janeiro a abril. O aumento no uso e nas apreensões tem sido gradual e atingiu o pico no ano passado, com 102 testes positivos para a droga, só entre casos oficialmente registrados. Em 2019, haviam sido 57. Os números são referentes a provas coletadas em investigações da polícia e enviadas aos institutos de Criminalística e Médico-Legal. Na prática, significa o aumento de apreensões de material do tráfico e de exames das vítimas de abuso.

Em abril, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) atualizou o status da ketamina e da escetamina na lista de substâncias controladas. Com isso, ela "subiu" um degrau na classificação de perigo e saiu da C1, de "substâncias sujeitas a controle especial", para a B1, de "psicotrópicas" e "sujeitas à notificação de receita ''''B''''". O órgão disse que a mudança foi motivada "pela necessidade de maior controle" e para "possibilitar o aperfeiçoamento de medidas de combate ao seu uso irregular/recreativo como droga de abuso".

A diferença entre uma lista e outra também é vista no tipo de receita necessária para adquirir o produto. A nova versão exige, além de dados básicos do comprador, fornecedor e emitente, especificações sobre quantidade, forma farmacêutica, dose e posologia indicadas. Essas distinções entre o "tamanho" da dose e a forma da substância são, além do óbvio consentimento, o que diferencia o uso da ketamina para fins recreativos ou para golpes de abuso. No primeiro caso, a quantidade é menor e em pó branco ou colorido, a depender da presença de um corante; no segundo, a dosagem é maior e costuma ser na forma líquida, de fácil dissolução em drinques e bebidas.

"O usuário de forma recreativa utiliza menos, se prepara e fica em ambiente protegido com os amigos. No uso criminoso, a quantidade é maior e a vítima está despreparada, o que faz ela confundir os sintomas com passar mal. O criminoso já atua ao lado para fingir que presta apoio", diz Alexandre Lehart, perito criminal do Núcleo de Análise Instrumental da Polícia Técnico-Científica. "Em qualquer contexto, a ketamina apresenta sérios riscos e é perigosa, por isso tem de ser controlada."




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