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Funcionários públicos podem estar envolvidos em tráfico de pessoas
Do Diário OnLine
Com Agências
19/05/2004 | 23:14
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Pelo menos 45 funcionários públicos, entre policiais federais, civis e agentes alfandegários, podem estar envolvidos com falsificação de documentos para facilitar o tráfico de pessoas para o exterior. A revelação foi feita nesta quarta-feira, durante o Seminário sobre Tráfico Internacional de Seres Humanos no Brasil, onde foi apresentado uma pesquisa inédita sobre o perfil das vítimas. A maioria, mulher, pobre, com idade entre 18 e 21 anos, e que são aliciadas principalmente pelos próprios brasileiros.

A pesquisa foi feita pelo advogado e professor Marcos Colares, que vistoriou 36 processos e inquéritos em tramitação na Justiça e Polícia Federal. "Infelizmente verificamos que existem poucos trabalhos em relação ao tráfico de seres humanos", afirmou a secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas. "Os inquéritos e processos são poucos”. Para ela, é necessário modificar a legislação para ampliar a abrangência do crime. "Em vez de tráfico de mulheres, vamos propor a mudança para tráfico de seres humanos, e não apenas para o exterior, mas em rotas também interestaduais”.

Foi em um dos processos analisados na Justiça Federal do Rio de Janeiro que Colares percebeu o envolvimento de agentes públicos nos casos. Segundo ele, a ação não é diretamente ligada ao envio de pessoas ilegalmente para o exterior, mas facilitando a ação dos agenciadores.

"Uma investigação relacionada à lavagem de dinheiro levou ao tráfico de seres humanos. O pessoal estava falsificando documentos, possivelmente passaportes para outras pessoas", afirmou o pesquisador. O trabalho mostrou que Goiás é um dos principais Estados onde este tipo de crime é mais freqüente, mas o governo não sabe os motivos. "O pessoal recrutado muitas vezes acha que está viajando por uma oportunidade de emprego, mas na verdade chegam e verificam que é diferente. Já em outros Estados, como o Ceará, o maior problema é com o turismo sexual", acrescenta a secretária, que anunciou a criação de um escritório em São Paulo para tratar sobre este tipo de crime.




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