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UFRJ melhora qualidade e produtividade de fitoterápicos
Do Diário do Grande ABC
07/06/2000 | 15:45
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O chazinho de erva cidreira da vovó saiu do fundo do quintal para laboratórios cariocas, onde as plantas vêm sendo clonadas, testadas e reproduzidas com alto padrao de qualidade. Nos últimos cinco anos, uma equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem trabalhando com fitoterápicos, com o objetivo de padronizar os teores de seus princípios ativos, melhorar os métodos de cultivo e eliminar a necessidade de agrotóxicos.

Os primeiros lotes de plantas melhoradas pela pesquisa já estao em Muriaé, Minas Gerais, no campo de cultivo do Laboratório Simoes, parceiro da universidade nesta pesquisa. Sao clones de cinerária (que serve para colírio usado no tratamento de catarata), erva-de-bicho (pomada para hemorróidas) e erva cidreira (calmante). Em breve, serao plantados lá também clones de camomila (calmante), chapéu-de-couro (tratamento renal) e cirtopódio (antiinflamatório).

Estas e outras plantas medicinais, popularmente utilizadas, costumam ter teores muito variáveis de seus princípios ativos, além de serem difíceis de propagar, seja porque produzem muitas sementes estéreis ou porque dependem de condiçoes muito específicas de temperatura, umidade, solo e luz. Sua utilizaçao ainda depende, portanto, do extrativismo, com risco de extinçao local de espécies, ou do cultivo de baixa tecnologia.

"As vezes a simples transferência de uma muda dessas plantas de uma regiao para outra diminui o teor do princípio ativo ou mesmo elimina as substâncias de interesse", comenta Celso Lage, da UFRJ, coordenador da pesquisa. "Com a clonagem, aceleramos o melhoramento genético das espécies e conseguimos estabelecer um padrao na produçao das substâncias ativas."

A primeira etapa da padronizaçao é a micropropagaçao, feita nos laboratórios da UFRJ. Os pesquisadores selecionam plantas que apresentam as características desejadas e as transformam em matrizes, das quais retiram pequenas mudas, cultivadas em casas de vegetaçao durante um mês, depois levadas a campo. "Conseguimos um meio de cultura eficiente e de baixo custo e utilizamos hormônios vegetais para acelerar o enraizamento, de modo a tornar possível e comercialmente viável o cultivo de fitoterápicos em escala", informa Lage. Outros três pesquisadores trabalham com ele na UFRJ, além de quatro pós-graduandos. Uma equipe da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) faz testes farmacológicos e de toxicidade com as plantas desenvolvidas e o Laboratório Simoes fornece equipamentos, materiais e o campo experimental para o plantio em escala. O financiamento, de R$ 200 mil, é da Fundaçao de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), por dois anos.




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