A comissão policial que investiga a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, vítima de tiros da polícia britânica após ser confundido com um terrorista, informou nesta terça-feira que o relatório sobre o caso só será publicado em fevereiro de 2006. Com isso, o mistério sobre o assassinato do eletricista brasileiro continua por mais alguns meses.

No entanto, a Comissão Independente de Queixas Contra a Polícia (Independent Police Complaints Commission, IPCC), encarregada de investigar as circunstâncias da morte de Jean Charles, pretende concluir seu trabalho antes do final de dezembro, comentou Richard Latham, porta-voz da comissão, no momento em que uma delegação brasileira está em Londres para pedir explicações.

John Cummins, outro integrante da IPCC, disse à Justiça que a polícia já entregou à comissão o expediente completo sobre o caso e acrescentou que "não será publicado qualquer relatório até que todos os procedimentos tenham sido concluídos".

Nesta terça-feira, um tribunal de Londres anunciou o prolongamento até 23 de fevereiro da investigação médico-legal, mas não explicou os motivos da decisão.

Para não obstruir a investigação e devido a possíveis processos penais ou sanções internas, Latham acrescentou que a IPCC não revelará seus resultados até que terminem os procedimentos jurídicos. Ele acrescentou que "não acredita no momento" que a polícia tenha tentado acobertar o caso.

A delegação brasileira, que permanecerá na Grã-Bretanha até sexta-feira, se encontra nesta quarta-feira com representantes da procuradoria e com o diretor da IPCC. Na quinta, se reunirá com membros da investigação médico-legal.

Jean Charles de Menezes morreu no dia 22 de julho, vítima de oito tiros, sendo sete na cabeça, disparados em uma estação de metrô por uma unidade especial da polícia, que o confundiu com um terrorista, como parte dos atentados registrados em Londres.