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Investigaçao da morte no Vaticano é concluída
Do Diário do Grande ABC
08/02/1999 | 15:00
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O jovem cabo suiço que assassinou, em maio passado, o comandante da Guarda do Vaticano, e sua esposa pouco antes de suicidar-se, tinha um tumor cerebral e fumava maconha, segundo revelou nesta segunda o juiz da Santa Sé, que decidiu arquivar o caso.

O cabo Cedric Tornay, 23 anos, disparou, em 4 de maio de 1998, contra o comandante dos guardas suiços, Alois Estermann, e sua esposa venezuelana, Gladys Meza Romero, dentro do apartamento onde o casal residia no Vaticano.

O juiz de instruçao da Santa Sé, Gianluigi Marrone, confirmou as teses do promotor de justiça do Vaticano, Nicola Picardi, que pediu que nao se procedesse contra terceiros, já que as provas indicavam claramente que o jovem cabo cometeu o crime num acesso de loucura desencadeado por ressentimentos contra seu superior.

A investigaçao, publicada nesta segunda, revelou também que o cabo nao se encontrava em condiçoes psíquica e física normais: um quisto do tamanho de um ovo de pássaro foi descoberto em sua cabeça, o que poderia provocar mudanças de comportamento, segundo alguns especialistas.

Indícios de ``cannabis' (maconha) foram encontrados nos exames de urina e guimbas de cigarro descobertos em uma caixa em sua mesinha de cabeceira. O cabo, em todo caso, nao fumou maconha durante as três horas que precederam o crime, segundo os resultados.

No entanto, o informe assinala que, mesmo que nao existam ``plenas' provas de que foi um fumante crônico da droga, essa possibilidade pode ter causado ``alteraçoes psíquicas e de comportamento'.

Os especialistas constataram que Cedric Tornay sofria de broncopneumonia e que havia tido um dia ``particularmente pesado', pois esteve de guarda de 6h às 8h, depois das 16h às 19h e pela manha havia ido ao consultado da Ilha Mauricio e durante a tarde três vezes ao quartel. Segundo o informe, estava muito ansioso o que, unido à impulsividade cerebral e à confusao mental criada pelo momento que atravessava, agravaram seu estado.

A notícia de que Alois Estermann havia sido designado para o cargo de comandante, sua exclusao da lista de condecorados com a ``benemerenti' pontifícia, condecoraçao que acreditava ser merecida, e o fato de que a possibilidade de um esperado trabalho na Suiça estava cada vez mais difícil contribuíram para provocar o ataque de loucura do suboficial.

A investigaçao exclui a presença de uma quarta pessoa no local do crime, tese defendida pela imprensa, que alegava terem sido encontrados quatro copos usados no apartamento do cabo, o que foi negado pelos investigadores.

Tornay disparou cinco tiros com sua pistola ``Sig 1975', calibre 9. Dois mataram o comandante, um a esposa, outro atingiu a porta do elevador e o quinto foi usado em seu suicídio.

Amae de Tornay, Muguette Baudat, rejeitou ontem, em entrevista publicada por um jornal romano, a versao do Vaticano sobre os fatos, afirmando que tinha provas de que seu filho foi assassinado.

O porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls, enfatizou hoje que a investigaçao ``nao deixa qualquer dúvida' e expressou sua solidaridade com a dor da senhora Baudat.

Os Guardas Suiços celebram no próximo dia 6 de maio o 493o. aniversário de sua fundaçao. É o único corpo armado do Vaticano desde 1970, quando Paulo VI dissolveu o Exército, a Gendarmaria, a Guarda Nobre e a Guardia Palatina.

Para ser guarda do Papa é preciso ser cidadao suiço, católico, ter menos de 30 anos e pelo menos 1,74 metros de estatura.




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