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Umm Qasr recupera pouco a pouco a vida cotidiana
Do Diário OnLine
Com AFP
31/03/2003 | 18:50
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Retomada da atividade portuária, distribuição de água potável, reabilitação do sistema elétrico: quase duas semanas depois de iniciada a guerra no Iraque, a vida normal se impõe pouco a pouco em Umm Qasr, a primeira cidade 'libertada' pelas tropas estrangeiras.

O major Paul Stanley, responsável pelos serviços de proteção civil do Exército britânico (Civil Affairs), tem diante de si a difícil tarefa de devolver à população civil de Umm Qasr a tranqüilidade e um mínimo de bem-estar depois da ofensiva militar.

No único hotel, que praticamente não chegou a abrir suas portas, cerca de 100 soldados britânicos tentam organizar a ajuda humanitária, administrar o correto tratamento dos prisioneiros, feridos ou vítimas fatais da ofensiva, reunir famílias separadas pela guerra e restabelecer a infra-estrutura da cidade.

As primeiras vitórias dos britânicos em uma semana de trabalho em Umm Qasr são o restabelecimento da eletricidade, a partir da noite desta segunda-feira, e a progressiva volta ao trabalho dos funcionários do porto, única saída do Iraque pelo mar e ponto estratégico para a chegada de ajuda humanitária a todo o país.

"Uma companhia americana administrará o porto de Umm Qasr, que será reaberto oficialmente entre 22 e 23 de abril", afirmou Stanley, explicando que todos os empregados foram convocados para o trabalho.

Até o momento, mais de 200 pessoas foram deslocadas para o porto, atualmente nas mãos dos Fuzileiros Navais americanos (Marines). O salário dos estivadores, que oscilava entre US$ 2 e US$ 3 por dia, aumentará com a chegada dos novos patrões, segundo Stanley. O militar lembrou que cerca de 60% da ajuda humanitária para o Iraque entrará no país pelo porto.

Além do porto e da eletricidade, os serviços de proteção civil do Exército britânico precisam distribuir água potável para os cerca de 40 mil habitantes de Umm Qasr. "A água corrente chegava à cidade por dutos a partir de Basra. A água potável vinha em caminhões e os cidadãos pagavam por ela. Mas todo o sistema está parado porque Basra não foi libertada", explicou. Assim, quase dois milhões de litros de água, procedente do Kuwait, são distribuídos em Umm Qasr há vários dias.

Mas, segundo Stanley, além de qualquer necessidade física, os principais problemas da população são a desconfiança e o medo.

"Nós nos perguntamos por que as escolas ou as lojas não abrem. A razão é que a cidade não é considerada um lugar seguro por seus habitantes, que querem ter primeiro a certeza de que o regime vai ser derrotado definitivamente", explicou.

Em sua tarefa de estabilizar as cidades do sul do Iraque, os serviços de proteção civil do Exército britânico desejam "integrar as autoridades locais". "A longo prazo queremos instaurar uma administração civil na cidade", afirmou.

A presença de ferozes defensores do regime de Bagdá parece não preocupar Stanley na busca para uma administração civil na cidade. "Alguns líderes do partido Baath fugiram, outros ficaram. Mas, sinceramente, os assuntos políticos não são meu problema", disse. Ele explicou que líderes do Baath (partido de Saddam Hussein) já convenceram subordinados a não resistir contra a coalizão anglo-americana.

A unidade britânica também conseguiu que a primeira missão da ONU visitasse Umm Qasr nesta segunda-feira, para preparar terreno para o retorno à região da UNICEF e da equipe do Programa Alimentar Mundial (PAM).

Nas palavras de Stanley, a queda de Basra nas mãos das tropas estrangeiras será essencial para estabilizar todo o sul do Iraque. "A batalha de Basra é crucial para esta região. Mostrará às pessoas que elas estão seguras e que viemos para ajudá-las", concluiu.




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