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Basquete brasileiro busca salvação
Kati Dias
Do Diário do Grande ABC
30/07/2006 | 05:05
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A crise no basquete afetou as semifinais do Paulista Feminino e tirou o brilho de uma das competições mais tradicionais da modalidade. Ourinhos, Catanduva, São Caetano e Ponte Preta disputam a fase semifinal, que começa na terça-feira, de olho nos bastidores. Isso porque o time de Campinas está na corda bamba e corre o risco de acabar. Embora represente uma das forças do basquete nacional, a Ponte Preta não possui recursos suficientes para manter uma folha salarial de R$ 50 mil. A equipe perdeu um patrocinador às vésperas do Estadual e é bancada pelos conselheiros do clube.

A derrocada da modalidade começou com a fundação da Nossa Liga de Basquete (NLB), em março de 2005. Criada pelos ex-astros da seleção Oscar, Hortência e Paula, a entidade surgiu com a missão de dar mais força política às equipes. Em represália, a CBB (Confederação Brasileira) impediu os clubes filiados à NLB de disputarem o último Nacional. Revoltadas, as agremiações entraram na Justiça Comum com o intuito de exercer o direito de participar do campeonato, caso do Telemar/ Rio, campeão brasileiro na época. As demais equipes conquistaram vaga nos torneios estaduais.

Assim, a CBB teve de criar outro grupo com os seis clubes da NLB. Na seqüência, eles se juntariam aos demais classificados na disputa de um hexagonal e se enfrentariam em um turno único. No entanto, o campeonato foi novamente paralisado pela Justiça durante a decisão do título. O Universo/DF entrou com uma liminar na qual alegou irregularidade de um atleta do Telemar/RJ, o que anularia a semifinal. Com isso, COC/ Ribeirão Preto e Franca desistiram de lutar pela taça e o Nacional ficou sem um campeão.

No final de maio, as federações do Rio, Espírito Santo e Paraná foram aos tribunais e conseguiram o afastamento do presidente da CBB, Gerasime Bozikis, o Grego. Dois dias depois, o dirigente foi reconduzido ao cargo. Mas a crise alcançou o ápice. Três investidores peso-pesados decidiram abandonar o barco: o COC, de Ribeirão Preto, a Telemar, e a Universidade Salgado de Oliveira (Universo). O COC preferiu apostar no futebol, vai patrocinar a camisa do Botafogo por dois anos e também apoiará o Comercial, ambos de Ribeirão Preto. A Telemar preferiu destinar a verba para os Jogos Pan-Americanos do Rio. O grupo Universo deverá fechar as atividades do time de Goiás e continuar com as equipes de Uberlândia (MG) e Brasília (DF).

Cansados de esperar uma solução para a crise na modalidade, os clubes resolveram arregaçar as mangas e vão se reunir no dia 10, na sede da Federação Paulista, para discutir os rumos do esporte. Além da saída e dificuldade de captação de novos patrocinadores, estarão na pauta assuntos como o êxodo precoce de atletas para o exterior, o formato do novo Nacional e participação deles nas negociações financeiras da competição.

Embora a crise tenha afetado diretamente o basquete masculino, o feminino também se transformou em uma vítima da questão. A categoria tem sido preservada nos últimos tempos por causa do Mundial, que será realizado em setembro no Brasil. Mas a situação do basquete brasileiro tem afugentado os investidores e tirado o sono dos dirigentes.

“A crise política atrapalha muito a modalidade”, disse o supervisor da Ponte Preta, Guilherme Müller. “A Ponte não tem condições financeiras de sustentar o time. Por isso, estamos atrás de um investidor. Conseguimos fechar um contrato para as finais, mas precisamos de mais patrocinadores para manter o time em atividade pelos próximos meses”, explicou o dirigente.

Diante desta realidade, será difícil para o time de Campinas continuar vivo. E perder um adversário como a Ponte preocupa os demais times. “Segurar as atletas no Brasil está cada vez mais complicado. Não temos poder aquisitivo suficiente para mantê-las no país. Se perdemos um time como a Ponte Preta, a situação do basquete tende a piorar”, afirmou o técnico interino do São Caetano, Edson Matos, o Tico. Ele substitui o titular Norberto Silva, o Borracha, que está com a seleção. Em 2005, a modalidade perdeu uma equipe de peso, Americana, que fechou a categoria adulta após conquistar o brasileiro de 2004.

O São Caetano não corre este risco. A equipe é mantida pela prefeitura e fechou parceria com a Bombril. O acordo possibilitou a vinda de atletas de ponta, como a pivô Êga, que está com a Seleção Brasileira, e a veterana Cíntia Luz.



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