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Redução dos juros terá efeito pequeno no crédito ao consumidor
Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
20/08/2003 | 22:40
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O presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, avaliou que, apesar da redução de 2,5 pontos porcentuais na taxa básica de juros ter surpreendido o mercado por conta do conservadorismo do Banco Central na reunião anterior, a medida terá um efeito pequeno nas operações de crédito ao consumidor. Um dos motivos que explica esta diferença, segundo ele, são os altos juros, superiores à Selic, cobrados nos empréstimos pessoais.

Enquanto a taxa básica é de 22% ao ano, os juros ao consumidor chegam a 160% no mesmo período. Algumas financeiras, por exemplo, cobram até 2.200% ao ano dos clientes. Oliveira lembrou que de março de 1999 a julho de 2003 o Banco Central reduziu a Selic de 45% ao ano para 24,5%, uma queda de 45,56%. Entretanto, segundo ele, as taxas cobradas ao consumidor foram reduzidas somente em 35,3%. “Nem toda a redução promovida na taxa chegou efetivamente ao consumidor”, disse.

Para demonstrar o efeito da redução da Selic no bolso do consumidor, a Anefac fez algumas simulações com a antiga taxa de juros, de 24,5% ao ano, e a nova, de 22%. Pelos cálculos da entidade, quem compra uma geladeira à vista paga, em média, R$ 800. Financiado em 12 vezes, o bem sairia por R$ 1.187,52, sendo R$ 98,96 o valor da prestação e 6,67% a taxa de juros ao mês. Com a nova Selic, a geladeira a prazo passaria para R$ 1.176,60, sendo a prestação de R$ 98,05 e os juros de 6,5% ao mês.

No cheque especial, o saldo extra de R$ 1 mil durante 20 dias custaria R$ 64,27 ao mês ao correntista, com juros de 9,64% no período. A previsão é que o cliente passe a pagar, pelo mesmo crédito, R$ 63,13, com encargos de 9,47%. No cartão de crédito, a dívida de R$ 1 mil no rotativo resultaria em uma prestação de R$ 106,50, com juros de 10,65% ao mês. Com a taxa de 22% ao ano, a mensalidade deverá cair para R$ 104,80 e juros de 10,48%.

Indireto – Apesar de ter um efeito pequeno no bolso do consumidor, a redução dos juros tem um efeito indireto muito maior, na opinião do economista. À medida que o Banco Central reduz a Selic, reduz também a rentabilidade dos bancos que destinam seus recursos para aplicações em títulos públicos, empurrando as instituições para operações de crédito. “Este movimento de ampliação do volume de crédito provoca uma concorrência maior no sistema pela disputa do cliente, pressionando para baixo as taxas de juros”, disse Oliveira.

Outro efeito importante, de acordo com Oliveira, é o psicológico. A redução faz com que o consumidor se sinta mais confiante na melhora da economia. “Ele pensa que o pior já passou e que terá menor risco de perder seu emprego. Isso pode levá-lo às compras, melhorando assim o volume de vendas e da atividade econômica.”




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