ABC da Economia Titulo Coluna
Aproximação entre empresas e universidades
Maria Romeiro e
Jefferson da Conceição
18/02/2022 | 09:05
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No dia 22, participaremos do evento Avança ABC: Diagnóstico Regional, organizado pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Cabe à USCS, bem como também a outras instituições, realizar um diagnóstico no primeiro bloco do evento, que ainda debaterá desafios e inclusão produtiva. Sabemos que fazer um diagnóstico e dar respostas aos desafios são tarefas largas e complexas. Por isso, decidimos focar naquilo que é um dos ‘nós’ centrais para a retomada do desenvolvimento do Grande ABC: a relação entre as empresas e as universidades da região. 

A inovação e o desenvolvimento tecnológico têm sido considerados por instituições internacionais, estudiosos, empresários, gestores públicos e outros atores sociais como elemento central da competitividade. Ambas guardam relação com o apoio que se dá ao empreendedorismo e a pesquisas básica e aplicada desenvolvidas nas universidades. 

É cada vez mais consensual que a alavancagem da inovação e do desenvolvimento tecnológico dependem de como as empresas e as universidades de uma localidade ‘dialogam’ e cooperam entre si, já que são elevados os custos das inovações tanto para as empresas quanto para as universidades. Daí a importância da ‘inovação aberta’, na qual as universidades, as empresas, as startups, os governos e outros agentes ajudam a promover e compartilhar a inovação.

Os desafios para o Grande ABC são grandes nesta área. Institucionalmente, a região tem sido inovadora. Foi aqui o surgimento, por exemplo, das lutas pela redemocratização do Brasil, do ‘novo sindicalismo’, do Fórum da Cidadania, do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e da própria Agência, entre outras iniciativas. Entretanto, esta mesma região, por ter sido o palco da industrialização fordista, padece da característica de que a inovação e o desenvolvimento tecnológico se deram de forma verticalizada (a grande empresa ditando ‘de cima para baixo’ as inovações e desenvolvimentos para as demais empresas e organizações da cadeia produtiva) e muitas vezes de maneira fechada no interior da própria grande empresa multinacional (as matrizes ditando ‘de cima para baixo’ as mudanças e desenvolvimentos para as subsidiarias). Assim, no Grande ABC, na segunda metade do século XX, a conexão e integração entre as empresas e entre estas e as demais instituições locais (entre as quais, as universidades, as médias e pequenas empresas, os usuários, etc) não estiveram à altura do porte de nossa industrialização.

A inovação e o desenvolvimento de processos e serviços na gestão pública se deram em escala ainda mais reduzida que a do setor privado. Contudo, nas últimas décadas, premida pelo conjunto intenso de mudanças de funcionamento e exigências da sociedade, a inovação e o desenvolvimento dos processos e serviços públicos também vêm sendo objeto de atenção por parte dos governos, usuários e sociedade em geral.

É preciso que o Grande ABC promova uma série de iniciativas para quebrar estes circuitos verticalizados e fechados da inovação e desenvolvimento tecnológico. Neste sentido, ganha também relevância a participação da pequena. A USCS, por exemplo, constitui neste momento, em parceria com atores privados, um hub de Inovação, que visa intensificar a aproximação da universidade com o chamado ‘mercado’, apresentar soluções para as demandas empresariais e ofertar novas possibilidades para as empresas. O Parque Tecnológico de Santo André é outra iniciativa importante em andamento na região. Iniciativas da Agência de Inovação da UFABC e de outras instituições também são bastante relevantes.

Por ser este tema estratégico para a revitalização da economia do Grande ABC, cabe à região:

a – apoiar os espaços de inovação como o hub da USCS e o Parque Tecnológico de Santo André, por meio da conexão destes espaços com as empresas da região;

b – atualizar o inventário de ofertas e demandas tecnológicas realizado há alguns anos pela própria agência;

c – estimular o (re)surgimento e fortalecimento de arranjos produtivos locais na região, organizados por cadeia produtiva, com foco, entre outros pontos, na resolução de desafios tecnológicos e estruturais na região por cadeia produtiva;

d – divulgar e envolver pesquisadores, universidades e empresas a conhecerem e se cadastrarem no Portal do Pesquisador, que busca facilitar a aproximação entre os desafios das empresas e os projetos dos pesquisadores. A divulgação deste portal faz parte da parceria entre a Agência de Desenvolvimento, a Universitas (que detém a propriedade do portal), a USCS e outras universidades locais;

e – no âmbito do marco regulatório nacional das startups, estruturar sandbox regional, que facilite que soluções promovidas pelas startups ajudem a resolver problemas das gestões públicas;

f – realizar uma feira de inovação regional em espaços simbólicos como antigas fábricas;

g – constituir canais de comunicação ágeis e modernos, como lives, revistas, blogs para facilitar o diálogo entre empresários e pesquisadores.




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