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Aos 81 anos, Arnaldo Jabor morre devido a complicações de AVC

Jornalista estava internado desde dezembro em um hospital de São Paulo

Da Redação
Do Diário do Grande ABC
15/02/2022 | 09:28
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Divulgação


Atualizada às 10h20

Morreu, nesta terça-feira (15), o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor, aos 81 anos. Arnaldo estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). De acordo com relatos divulgados pela família, o jornalista morreu pelas complicações causadas pelo AVC, que mesmo apesar de apresentar uma melhora em seu quadro clínico no final do ano passado, Arnaldo não resistiu as sequelas. Em comunicado, o hospital informou que o cineasta chegou a ser submetido a um procedimento vascular para desobstrução de coágulo. No final de dezembro, outro comunicado dizia que Jabor estava consciente e se recuperando.

Em uma rede social, a produtora de cinema Susana Villas Boas, ex-mulher de Arnaldo Jabor e mãe de João Pedro, comentou que seu filho havia perdido o pai e o Brasil, "um grande brasileiro".

Cineasta que alcançou reconhecimento de público e crítica no final dos anos 1960, ainda sob os ecos do Cinema Novo, Jabor nasceu no Rio de Janeiro, em 1940, filho de um oficial da Aeronáutica e de uma dona de casa. Apesar de conhecido como diretor de filmes fundamentais, como Toda Nudez Será Castigada, ele também trabalhou como técnico de som, crítico teatral, roteirista e colunista de jornais e televisão.

Seu primeiro longa foi um documentário inovador, Opinião Pública (1967), em que realiza uma prospecção da mentalidade da classe média brasileira. Já nos anos 1970, com o aperto da censura política e social promovida pelo regime militar, envereda por caminhos metafóricos, como em Pindorama (1970), cujo excesso de barroquismo foi admitido por ele mesmo, anos depois.

Em 1973, dirige um de seus grandes filmes, Toda Nudez Será Castigada, a partir da peça de Nelson Rodrigues, ácida crítica à hipocrisia da moral burguesa e seus costumes. Dois anos depois, lança O Casamento, também adaptação da obra de Nelson, em que flertou com o grotesco e o histérico, sem, contudo, atingir a maestria do longa anterior. Com Tudo Bem (1978), inicia a chamada Trilogia do Apartamento, em que investiga novamente as contradições da sociedade brasileira, agora com forte ironia, especialmente as famílias vitimadas pelo fracasso do milagre econômico.

Já em 1980 lançou Eu Te Amo, análise intimista e sexual de um casal, interpretado por Sonia Braga e Paulo Cesar Pereio. Finalmente, em Eu Sei Que Vou Te Amar (1986), repete de alguma forma o tom de psicodrama do trabalho anterior, agora com um casal mais jovem, Fernanda Torres e Thales Pan Chacon.

No início da década de 1990, com o fim do fomento estatal para a produção cinematográfica patrocinado pelo governo Collor, Jabor iniciou um longo período sem filmar, momento em que alcançou grande sucesso popular como comentarista de jornais como Estadão, Folha e O Globo, além de aparições constantes nos noticiários da TV Globo e participação no programa Manhattan Connection, da GloboNews.

O estilo irônico e libertário com que comentava as notícias lhe rendeu admiradores, mas também detratores, especialmente na política. Retomou a carreira de cineasta em 2010 com A Suprema Felicidade, filme em tom de memória, mas não pessoal: uma trajetória inventada com o que Jabor fez um retrato do Rio de Janeiro da sua infância.

(com AE)




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