'Agora me sinto motivado', diz Cavassani , de 45 anos, que foi contratado por salário mensal de R$ 1 mil. Formado em Publicidade e Propaganda, ele vinha fazendo bicos como pintor de paredes, segurança de sítio e até serviços de ajudante-geral desde que fora demitido da Ericsson, onde trabalhou por dez anos até 1999.
Este caso reflete o resultado da pesquisa de emprego e desemprego divulgada esta quarta-feira pela Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Em julho, o desemprego voltou a cair na Região Metropolitana de São Paulo, pelo segundo mês consecutivo. A pesquisa revela também que o rendimento real médio do trabalhor cresceu nos últimos três meses e passou a equivaler em junho (último dado disponível) a R$ 910 – o maior valor no ano.
A taxa de desemprego recuou de 20,3% da PEA (População Economicamente Ativa), em junho, para 19,7%, no mês passado. Isso indica que cerca de 1,934 milhão de pessoas estavam desocupadas, 59 mil a menos do que em junho.
O desemprego caiu no mês passado graças à criação de 55 mil postos de trabalho na região. Além disso, 4 mil pessoas deixaram de procurar emprego, o que reduziu proporcionalmente o número de desocupados.
Vendaval – 'O pior já passou', afirma o diretor-técnico do Dieese, Sérgio Mendonça. 'Terminado o vendaval dos juros elevados, da recessão e da inflação alta, agora vão se somando uma série de fatores positivos que devem produzir um efeito favorável para o emprego no segundo semestre, que tradicionalmente já é melhor do que nos primeiros seis meses do ano.'
Para Mendonça, os efeitos da redução nos juros, que já vem ocorrendo há dois meses, deverão aumentar a produção e reduzir o desemprego. Ao mesmo tempo, as baixas taxas de inflação deram uma trégua na corrosão do poder aquisitivo dos salários. Além disso, boa parte dos trabalhadores deverá ser beneficiada nos próximos meses com o reajuste dos salários com base na inflação passada.
'O consumidor deverá voltar às compras, abrindo espaço para uma retomada mais forte da atividade até o fim do ano', observa o economista. Segundo ele, até agora o maior obstáculo para essa retomada no curto prazo tem sido a renda baixa e o desemprego elevado. Apesar da recuperação nos últimos três meses o rendimento médio real dos ocupados acumula queda de 8,1% nos últimos 12 meses.
Das novas contratações no mês passado, 45 mil foram efetivadas somente no setor de serviços, enquanto o comércio fez 33 mil contratações. Outros setores – principalmente serviços domésticos e construção civil – criaram 6 mil postos de trabalho. Já a indústria fechou 29 mil vagas no mês passado.
O setor metalomecânico, um dos mais importantes da cadeia produtiva, no entanto, teve crescimento de 1,7% no emprego. O metalúrgico Cavassani faz parte dessa estatística. Neste ano, a Mercedes-Benz já contratou cerca de 450 trabalhadores, 150 só no mês passado. A maioria por causa de contratos de exportação, principalmente de motores, para os Estados Unidos.
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