O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu nesta sexta-feira, em Paris, que resta "um longo caminho a percorrer" para ativar as negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio), mas destacou a "vontade política" dos hemisférios norte e sul de eliminar os obstáculos à liberalização comercial.

Após uma reunião de mais de quatro horas entre representantes de Brasil, Índia, Estados Unidos e União Européia na capital francesa, o chanceler mostrou-se otimista e disse que o encontro "mostrou o compromisso político de todas as partes".

"Discutimos a fundo a questão agrícola e outras, e tentamos perceber onde estão nossas diferenças. Resta um longo caminho a percorrer, mas esta reunião foi útil para entender onde estão os problemas", explicou.

Já o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, disse que na reunião houve "alguns progressos e convergências", mas que ainda resta muito trabalho pela frente. "Podemos e devemos dar contribuições significativas para promover esta rodada", destacou, referindo-se à rodada de Doha da OMC, iniciada há quatro anos na capital do Qatar e interrompida devido a diferenças envolvendo a questão dos subsídios.

"O objetivo da reunião não era obter um acordo. Somos apenas quatro, e não representamos os 148 membros da OMC. Para mim, neste momento, entender o ponto de vista dos outros já é um avanço concreto", disse Amorim.

Também participaram da reunião o secretário americano do Comércio, Rob Portman, e o ministro indiano do Comércio, Kamal Nath. Encontros semelhantes, de caráter ministerial, diplomático ou técnico, estão previstos para as próximas semanas, antes da grande reunião da OMC, que acontecerá em Hong Kong no mês de dezembro.