Filiado ao Podemos, ex-procurador diz que presidente não conhece trabalho da equipe
O ex-procurador da República Deltan Dallagnol, recém-filiado ao Podemos, rebateu ontem a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disse que ele se negou a receber Deltan em audiência no Planalto em 2019, antes de escolher Augusto Aras como procurador-geral da República, e a acusação de que a Operação Lava Jato produziu depoimentos.
“O presidente Bolsonaro errou ao dizer que os procuradores escreviam as delações dos colaboradores, talvez porque ele não teve a oportunidade de conhecer melhor o nosso trabalho na Lava Jato”, disse Deltan. “Todos os acordos de cooperação foram negociados pela defesa e os fatos e as provas foram trazidos espontaneamente.”
Sobre o pedido de encontro, Deltan disse que jamais pediu reunião com Bolsonaro, “nem depois da indicação do procurador-geral da República”. De acordo com o ex-procurador, interlocutores do Planalto o procuraram em 2019 para perguntar se ele aceitaria uma reunião com Bolsonaro. A oferta, aponta o ex-procurador, foi recusada. “A nossa equipe de procuradores entendeu que os encontros não seriam apropriados porque alimentariam questionamentos infundados sobre nosso trabalho”, disse.
Desde a filiação do ex-juiz Sergio Moro e de Deltan ao Podemos, o presidente destina ataques com mais frequência a eles e à Lava Jato. Ontem, Bolsonaro divulgou um conteúdo do influencer conservador Kim Paim.
O influenciador afirma que Moro foi parcial quando juiz na Lava Jato ao mostrar que não houve nenhuma investigação aberta contra o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), citado em depoimentos da Operação Lava Jato. No vídeo, o youtuber chama ainda Dallagnol de lulista e diz que Moro se ligou a mensaleiros.
Deltan defendeu a Lava Jato dizendo que o argumento de que a Lava Jato protegeu parlamentares faz nem sentido”, porque eles têm foro privilegiado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-procurador se filiou ao Podemos na sexta-feira (10) e pretende concorrer ao cargo de deputado federal pelo Paraná na eleição de 2022.(do Estadão Conteúdo)
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