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Políticas de imigração serão termômetro das relações UE-Am. Latina
Da AFP
05/10/2006 | 18:18
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As leis de imigração e o tratamento reservado aos estrangeiros que chegam ao velho continente marcarão o futuro e a intensidade das relações entre Europa e América Latina, concluíram nesta quinta-feira, em Biarritz (sudoeste da França), especialistas e dirigentes de ambos os lados do Atlântico.

"A política da Europa em matéria de imigração marcará o destino de suas relações com a América Latina", declarou o ex-presidente colombiano Ernesto Samper.

As circunstâncias que motivam a emigração de latino-americanos para a Europa, as políticas restritivas do velho continente, a importância das remessas enviadas por estes emigrantes e o risco da perda da identidade concentraram boa parte das discussões deste encontro anual de dirigentes políticos e econômicos, que será concluído na sexta-feira.

"Nestes fóruns falamos de globalização e de integração, mas ao mesmo tempo criamos muros que não conseguirão deter este fluxo. É óbvio que os Estados Unidos precisam de mão-de-obra e que ninguém abandonaria seu país para continuar sendo pobre em outro", denunciou o senador mexicano Carlos Jiménez Macías, referindo-se à barreira que Washington pretende criar em uma parte de sua fronteira com o México.

Jiménez Macías pediu à Europa e aos Estados Unidos que "encarem a imigração de latinos com um enfoque diferente e a assumam como parte do processo de globalização".

"Os Estados Unidos se transformam graças aos hispânicos que chegam ao seu território. Não estamos roubando gente, damos às pessoas uma oportunidade", replicou William Owen, primeiro-secretário da embaixada dos EUA na França e único representante de seu país neste fórum.

Para Trinidad Jiménez, secretária espanhola de Estado para Ibero-América, "o século XXI será sem dúvida o século das migrações. Para a Espanha, é uma prioridade e para a América Latina, uma oportunidade", assegurou, estimulando o continente a "fazer ouvir a sua voz e a se tornar um fator de equilíbrio no mundo globalizado".

No entanto, Samper lembrou que os imigrantes se converteram "em uma variante política usada em campanhas eleitorais que fomentam o nacionalismo e fazem do estrangeiro uma presença hostil, um bicho raro que se incrusta em um país".

Paolo Faiola, do Instituto Ítalo-latino-americano de Roma foi além ao dizer que "dentro de poucos anos, na Itália e em outros países como a Espanha, haverá ministros e chefes de governo colombianos ou equatorianos e será algo normal."

"O problema da América Latina não é que seja invisível para a Europa, e sim que seja cada vez mais invisível para ela mesma. Não nos olhamos no espelho, não sabemos de onde viemos e menos ainda para onde vamos", lamentou o ex-presidente colombiano.




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