Política Titulo Regimento não permite
Novo chefe do Hospital Mário Covas mantém empresas médicas

Adilson Cavalcante é dono de 2 firmas; regimento da FUABC impede que funcionários exerçam atividades conflitantes

Junior Carvalho
13/11/2021 | 05:11
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Divulgação


O médico infectologista Adilson Cavalcante, indicado unilateralmente pela FUABC (Fundação do ABC) como superintendente do Hospital Mário Covas, em Santo André, é dono de duas empresas na área médica, entre elas um consultório, situação vetada pelo próprio regimento da instituição que mantém o equipamento.

Chancelado na quinta-feira pelo conselho curador da FUABC como mandatário do hospital a partir de 1º de dezembro, Cavalcante é dono da Whest Serviços Médicos Eireli e sócio da SMU Serviços Médicos de Urgência S/S, ambas localizadas na Capital. O artigo 87º do regimento interno da FUABC, do qual o médico é funcionário, proíbe que seus colaboradores exerçam “quaisquer atividades que sejam incompatíveis ou conflitantes com o exercício do cargo ou função, bem como com o horário de trabalho para o qual fora contratado”.
O Diário antecipou na quinta-feira que Adilson seria indicado pela presidente da FUABC, Adriana Berringer Stephan, para o comando do Mário Covas, em manobra que foi antecedida por mudança na surdina do regimento interno da instituição. Antes, os diretores do equipamento eram indicados pelo corpo médico do hospital e as alterações legais concentraram esse poder nas mãos de Adriana.

Atual diretor técnico do Hospital Anchieta, em São Bernardo, Adilson é ligado ao prefeito Orlando Morando (PSDB), que chegou a enviar seu secretário de Saúde, Geraldo Reple, para a eleição protocolar que avalizou a indicação de Adriana.
O Diário apurou que uma das empresas, a Whest Serviços Médicos, foi aberta em janeiro de 2018. Naquela altura, Adilson já comandava hospital em São Bernardo. A empresa, que leva as iniciais de um dos sobrenomes do médico (Westheimer) possui apenas Adilson como dono. Já a SMU conta com mais 12 sócios, segundo o cadastro da firma na Receita Federal. Ambas constam como abertas no sistema da instituição.

Questionada sobre os possíveis conflitos com o fato de o médico ser dono das firmas ao mesmo tempo em que comanda o principal equipamento estadual de saúde de Santo André e da região, a FUABC negou que a situação se enquadra no dispositivo do regimento interno. “Adilson Cavalcante é funcionário da instituição há 16 anos e durante todo esse período não há nenhuma queixa a respeito de sua conduta ou registro de conflito de interesse em relação às atividades prestadas pelo colaborador”, alegou.

A FUABC citou ainda que “a única empresa aberta em nome do médico diz respeito ao consultório particular” de Adilson, apesar de o sistema da Receita Federal acusar duas firmas abertas no nome do novo mandatário do Mário Covas. “O diretor-geral eleito para o Mário Covas declarou publicamente ao conselho de curadores que não há conflito de interesses que o impeça de assumir o cargo. O dirigente será submetido a assinatura de uma série de documentações obrigatórias exigidas pelo programa de compliance da Fundação do ABC, em conformidade com o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) estabelecido junto ao Ministério Público. Também firmará compromisso formal de cumprimento absoluto e incondicional das normas previstas no TAC e no código de conduta ética da FUABC”, emendou a instituição, que voltou a negar ingerência política na nomeação de Adilson.  




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