Economia Titulo Investimentos
Papel indexado à
inflação é boa opção

Mesmo com quedas da taxa básica de juros, títulos da dívida
pública ainda são considerados boas opções por especialistas

Erica Martin
Diário do Grande ABC
28/05/2012 | 07:22
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Mesmo com as quedas da taxa básica de juros, a Selic, que chegou a 12,5% ao ano em julho de 2011 e hoje está em 9% ao ano, os títulos da dívida pública brasileira indexados à inflação - que ficam mais interessantes quando os preços aumentam - ainda são considerados opções vantajosas para quem quer ter rendimentos maiores do que os conseguidos com a poupança. E há investidores que estão de olho na aplicação.

De acordo com balanço do Tesouro Direto (que é o programa para comprar títulos por meio da web, divulgado na semana passada, os papéis NTN-B e NTN-B principal indexados ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) - que reflete o custo de vida de famílias - atingiram participação de 64,2% nas vendas, enquanto as LFTs (que acompanham o desempenho da taxa básica de juros) responderam por 4,3% no período.

O produto funciona assim: o investidor empresta dinheiro para o governo e recebe o título em troca, em um prazo determinado o montante é devolvido com as devidas correções. "A poupança é para alocar recursos que não têm destino certo. E o Tesouro é uma alternativa interessante para quem não precisa dos recursos logo", comentou o consultor financeiro da Dinheiro em Foco, de São Paulo, Ricardo Fairbanks.

Uma simulação feita pelo consultor financeiro Mauro Calil mostra que os ganhos conseguidos com o Tesouro Direto (ao levar em conta uma composição média da rentabilidade de todos os títulos) superam aos de outros investimentos. Quem aporta R$ 200 por mês nos títulos, durante dois anos, embolsa R$ 459 a mais em relação à poupança e R$ 190 em relação a um fundo de renda fixa. "Mas no momento, não recomendo os títulos ligados à Selic. Com o estímulo da economia, é provável que a inflação aumente e a rentabilidade do título que a acompanha também", orientou. "A perspectiva é que a gente sinta mais pressão inflacionária. Neste mês os preços já subiram", complementou a professora do curso de Administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Cristina de Mello.

Para Calil, o investidor pode alocar metade dos recursos em papéis fixados, que seguem a inflação, e a outra parte em papéis prefixados, que têm o ganho definido no momento da compra do papel e são indicados quando não há perspectivas de ganhos maiores. O investidor pode se desfazer do título toda quarta-feira, mas poderá receber um valor maior ou menor em relação ao que embolsaria caso espere o prazo final, já que os papéis têm rentabilidades de acordos com os prazos de vencimento. Um papel NTN-B, que vence em 2017, por exemplo, rende 9,49% ao ano. Outro, que vence em 2020, garante ganho anual de 11,38%.

Para comprar títulos do tesouro, o investidor interessado precisa se cadastrar em corretora. Há uma lista delas no site www.tesouro.fazenda.gov.br. Os custos são: taxa de negociação de 0,10%, sobre o valor da operação; taxa de custódia da BM&F Bovespa de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos e taxa de administração cobrada pelos agentes de custódia que pode variar entre zero e 1% ao ano.

COPOM

Amanhã e quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) definirá os novos rumos da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 9% ao ano. Fontes do mercado financeiro acreditam em uma redução de 0,25 ponto percentual.

No entanto, se o corte for maior e a taxa atingir patamar igual ou menor a 8,5% ao ano, as aplicações em poupança feitas a partir do dia 4 de maio terão nova remuneração. Até o momento, a rentabilidade da caderneta, fixada em lei, é de 0,5% ao mês mais TR (Taxa Referencial). Se a mudança se concretizar o rendimento passa a representar 70% da Selic mais TR.

GANHOS

Quando a taxa básica de juros chegar a 8% ao ano (o que ainda pode acontecer este ano), por exemplo, o ganho será de 5,6% ao ano, atualmente a rentabilidade é de 6,17% em 12 meses. Mas apenas os valores depositados a partir do dia 4 de maio é que terão os ganhos modificados.

POPULARIZAÇÃO

No ano passado, o governo e a BM&F Bovespa anunciaram ações de popularização do Tesouro Direto com o objetivo de aumentar a captação de recursos aplicados. Entre os incentivos estava a possibilidade de comprar a fração de 0,1 do título por R$ 30, mas até o momento a mudança - prevista para acontecer ainda no primeiro semestre deste ano - não foi concretizada. De acordo com informações da cartilha do Tesouro para o investidor, o limite mínimo para compra é a fração de 0,2 título, ou seja, 20% do preço unitário do título a ser comprado, o que significa aproximadamente R$ 100. O título mais barato (até o dia 25 de maio) custava R$ 716,88.

Em abril, de acordo com o último balanço do Tesouro Direto, 3.957 novos participantes se cadastraram no programa e montante chegou a 296.253, o que significa avanço de 25,6% nos últimos 12 meses. A utilização do programa por pequenos investidores pode ser percebida em função do volume de vendas de até R$ 5.000 e que registrou participação de 59,4% do volume aplicado em abril.




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