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JPX tinha as medidas do off-road
Percy Faro
Especial para o Diário
30/07/2002 | 19:22
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Existem jipes e jipes. A diferença está entre aqueles que enfrentam o mato sem estrada, a lama, os barrancos, e os que se identificam mais com o asfalto. O JPX se enquadra no primeiro caso. Bonito ele nunca foi, sofisticado muito menos. O nível de conforto é relativo. Então, compensava pelo preço? Também não, porque custava algo em torno de R$ 20 mil quando de seu lançamento no Brasil, em l993 (o motor a diesel respondia em boa parte pelo preço elevado). Seus atrativos se escondem em outros pontos que são descobertos por quem está mais familiarizado com jipe e deseja o carro para determinadas e específicas finalidades. Neste caso, o que vale mesmo é a sua capacidade para o fora-de-estrada e nisso o JPX Montez sempre apresentou provas irrefutáveis.

O jeito desengonçado do modelo fabricado por quase dez anos na cidade mineira de Pouso Alegre não é erro de engenharia. Tudo nele tem uma razão de ser. Por exemplo, os pára-lamas dianteiros altos e distantes dos pneus, deixando escandalosamente à mostra os amortecedores, eixos e pontos de fixação da suspensão no chassi, na verdade contribuem para garantir o surpreendente ângulo de ataque de 50 graus. Na traseira acontece o mesmo e onde à primeira vista parece estar faltando um pedaço da carroceria a partir da roda para trás, o ângulo de saída é de 31 graus.

Originalmente, o JPX era calçado com rodas 6Jx16 e pneus Pirelli 215/80R16, oferecendo um vão livre entre plataforma e solo de 250 mm. Juntando essas medidas, o consumidor tem em mãos um veículo com excelentes condições para transpor respeitáveis obstáculos naturais.

Outro ponto favorável quando a questão é trafegar por onde não existe estrada está na inclinação lateral máxima da carroceria, que é de 40 graus. Em boa parte, isso se deve à suspensão com molas helicoidais na dianteira e na traseira, portanto, independente nas quatro rodas. Os agregados do sistema incorporam ainda mais uma boa solução: além de barras estabilizadoras e tirantes posicionados longitudinalmente, para fixar com eficiência os eixos, molas e amortecedores, duas peças (na frente e atrás) em forma de forquilha, amarram as quatro pontas do chassi ao centro da carroceria. Com isso, praticamente eliminou-se um comportamento muito comum e sentido por todos – leigos ou não em relação a jipes – conhecido como caçar frango.

O fenômeno caçar frango acontece quando o veículo muda constantemente a sua trajetória, ainda que com pouca intensidade mas que obriga o motorista a fazer permanentemente a correção por meio do volante. Ou seja, ao corrigir para a esquerda, já está na hora de corrigir para a direita – daí o termo caçar frango. A causa deste comportamento tem origem, basicamente, na curta distância entre-eixos e na maior altura do veículo, características típicas de veículos para o fora-de-estrada.

No caso do JPX, ele ainda leva de quebra mais uma vantagem, que é a excelente distribuição de peso partindo-se principalmente do motor (foi exatamente por causa da sua boa geometria que o fabricante jamais cogitou, enquanto o modelo foi produzido no país, de equipá-lo com outro propulsor, sob risco de perder esta eficiência). O resultado deste equilíbrio é um veículo com boa estabilidade tanto no asfalto como na estrada de terra batida.




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