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Juízes decidem nesta 2ª sobre greve contra reforma
20/07/2003 | 21:10
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Os juízes decidem nesta segunda-feira, em meio a um clima de revolta, se cruzam os braços em protesto contra o governo Luiz Inácio Lula da Silva na batalha da Previdência. Às 15h, dirigentes de 56 associações de magistrados de todo o país se reúnem em Brasília e podem votar pela greve. “A sinalização é essa mesmo, pela deflagração da greve”, anunciou ontem o desembargador Cláudio Baldino Maciel, presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), a mais poderosa entidade dos juízes, com quase 15 mil filiados.

O movimento, inédito na categoria, já recebeu adesão de vários Estados – como Rio, Paraná, Ceará, Minas, Rio Grande do Sul e Piauí –, mas não encontra respaldo nem simpatia dos magistrados federais, que preferem “o caminho da negociação” e ainda apostam na força do lobby no Congresso.

Mesmo em alguns Estados, a radicalização não é bem recebida. Os juízes de São Paulo não querem parar. “A Justiça paulista é refratária à greve”, declarou o presidente da Apamagis (Associação Paulista de Magistrados), juiz Renzo Leonardi.

Outra opção, segundo o presidente da AMB, é propor à categoria que “aguarde por mais alguns dias”. Também será colocada a idéia de paralisação por período determinado e com prazo para que a greve possa ser preparada. “Isso é uma novidade para nós, pois a magistratura nunca fez greve nacional, não sabemos fazer isso”, reconheceu Maciel. Ele revelou que o movimento “está crescendo”. Em algumas regiões, os próprios presidentes das associações estaduais têm delegação para decidir pela greve, independentemente da realização de assembléias.

Segundo Maciel, o objetivo da paralisação “é restabelecer, embora com postura extremamente cética, uma conversação de poder para poder, em que a palavra empenhada seja mantida”. Para o líder dos magistrados, o Judiciário “deve ser tratado como poder de Estado e não como repartição pública”.

Na quinta-feira, a Ajufe (Associação dos Juízes Federais) não endossou – embora tenha sido consultada pelos estaduais – a nota pública emitida após a leitura, na Câmara, do relatório da reforma.

Na carta, subscrita pela AMB, Associação Nacional dos Membros do Ministério Público e Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, foram feitas pesadas críticas ao governo, responsabilizado pela “situação desagregadora e caótica, com efetiva fragilização da soberania nacional e desmonte total do Estado”. O PT reagiu, alegando que os juízes fazem “chantagem”.

O Brasil tem 12,5 mil juízes estaduais, 3 mil trabalhistas e pouco mais de mil federais – estes, no entanto, têm exclusividade nas ações de interesse da União.




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