Um fazendeiro branco sul-africano foi condenado nesta sexta-feira à prisão perpétua por ter atirado um de seus trabalhadores negros aos leões. O caso chocou a opinião pública da África do Sul ao revelar a persistência nos campos de métodos cruéis uma década após o fim do apartheid.

Em abril, Mark Scott-Crossley, um branco de 37 anos dono de uma fazenda de criação de animais selvagens, e um de seus empregados negros, Simon Mathebula, de 43 anos, foram considerados culpados pela morte de Nelson Chisale, cujos restos ensangüentados foram descobertos no dia 31 de janeiro de 2004 numa reserva de leões próxima do célebre parque Kruger. O processo foi aberto um ano depois da descoberta do corpo.

O juiz George Maluleke, do tribunal de Phalaborwa (leste) condenou nesta sexta-feira Scott-Crossley à prisão perpétua e Mathebula a uma pena de 15 anos, sendo três com sursis.

Scott-Crossley não mostrou emoção alguma durante a leitura da sentença, que aconteceu imediatamente depois da celebração, num cômodo contígüo, de seu casamento civil com uma mulher que o visitou na prisão nas últimas semanas.

"Esperávamos uma sentença pesada", declarou aos jornalistas após o veredicto. "Estamos desolados porque a família não aceitou nossa proposta de compensação financeira. Esta não é uma tentativa de corrompê-los, estamos verdadeiramente tristes por eles", acrescentou Scott-Crossley.

Uma centena de pessoas na sala do tribunal aplaudiu o veredicto.

O procurador havia pedido prisão perpétua para os dois acusados, destacando o caráter hediondo do crime.