A modificação não dependeria de mudança constitucional e poderia ser feita por lei ordinária, exigindo maioria simples na votação no Parlamento. Na primeira filiação, a exigência seria de um ano.
O endurecimento nas regras da segunda filiação seria, segundo Caiado, a alternativa para evitar a perda do mandato do parlamentar em caso de troca de partido, uma tese que sofre resistência no Congresso por já ter sido aplicada durante o regime militar.
Sugestões – Outras novidades que o relator vai sugerir propõem profundas alterações nos costumes eleitorais brasileiros. A começar pela substituição da votação nominal nas eleições proporcionais por listas pré-ordenadas pelos partidos.
A idéia é fazer com que o eleitor vote nas propostas partidárias e forçar as campanhas a discutirem os temas importantes para o país, em vez disputarem o voto com retoques na imagem pessoal, shows e brindes, em que o poder econômico pode falar mais alto.
O financiamento público e exclusivo das campanhas também será proposto por Caiado, com o mesmo objetivo de limitar a força das contribuições diretas e as cobranças que os financiadores podem fazer posteriormente dos eleitos.
Como não haverá mais campanha individual, os tribunais eleitorais poderão auditor os gastos que o partido faz do dinheiro público a cada 30 dias e antes das eleições.
Nanicos – Para as pequenas legendas, a sugestão do relator será a criação de federações partidárias, que seriam acordadas antes das convenções e só poderiam se desfazer três anos depois das eleições.
A fórmula pode evitar o desaparecimento de alguns partidos que sozinhos não teriam votos para passar pela cláusula de barreira prevista para 2006, quando terão de conquistar 5% dos votos no país.
Ronaldo Caiado acredita que, se aprovadas, as mudanças vão qualificar o debate, evitar o troca-troca partidário e fortalecer os partidos por obrigarem o candidato a fortalecer suas bases.
Também vão atingir um mal pela raiz, que é o possível surgimento de bancadas ligadas ao narcotráfico, à contravenção e até aos roubos de cargas. “Isso já ocorreu na Itália e na Colômbia”, comparou. “A Comissão de Reforma Política ouviu de delegados federais que o narcotráfico está ungindo seus membros para disputar cargos aqui também”, revelou.
Críticas – Ao mesmo tempo em que apresentava suas propostas, Caiado criticou o governo federal por usar mecanismos que condenava até a legislatura passada, como incentivar parlamentares a trocar de partido para obter vitórias no Congresso.
Ele lembrou que quase 25% dos deputados mudaram de partido somente neste ano. “Isso não existe em nenhum parlamento do mundo”, comparou.
No dia em que os sem-terra invadiram uma propriedade em Júlio de Castilhos, no interior do Rio Grande do Sul, Caiado, que já presidiu a UDR (União Democrática Ruralista), também lamentou a “complacência” do governo federal com os atos do MST. “Quando é restituída a posse o proprietário não é ressarcido dos prejuízos que sofreu”, reclamou.
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