O emprego com carteira assinada no Grande ABC em 2005 apresentou alta de 3,83% na comparação com 2004, de acordo com levantamento inédito divulgado pelo Ministério do Trabalho, com base na Rais (Relação Anual de Informações Sociais).

A variação significou a abertura de 23 mil postos de trabalho no ano passado. Todos dentro da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). O número total de empregados com carteira assinada chegou ao final de 2005 com 624 mil pessoas, ante 601 mil em dezembro do ano anterior. Percentualmente, a variação foi menor do que a registrada no Estado de São Paulo, onde houve acréscimo de 5,26% em novos postos.

As informações fornecidas pela Rais contrastam com as do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) – outra referência do Ministério do Trabalho para medir o crescimento do emprego formal – que apontavam 42 mil novos empregos no fechamento do ano passado em comparação com 2004.

A diferença entre os dois levantamentos se deve ao fato de que cada um utiliza uma forma de captação de dados. Enquanto a relação anual é repassada obrigatoriamente por todas as empresas – e também pelas administrações públicas –, que informam o quadro de funcionários atualizado, o Caged se refere ao volume de pedidos de seguro-desemprego mensalmente.

“O Caged dá informações parciais enquanto a Rais dá informações integrais. É uma base de dados de melhor qualidade, mais completo”, afirma a coordenadora do Observatório do Trabalho do ministério, Paula Montagner.

Municípios – Entre os municípios que se destacaram no Grande ABC na criação de vagas, São Bernardo lidera, em números absolutos, com a geração de 11 mil postos (5,35% a mais). Já em termos relativos (percentuais), o destaque ficou com a pequena Rio Grande da Serra, que teve crescimento de 29% em vagas adicionais (688 vagas).

Já o destaque negativo ficou com São Caetano. A cidade teve, segundo a relação anual, o fechamento de postos de trabalho em 2005. Foram 5,8 mil postos a menos, o que significou uma variação negativa de 5,3%. O dado surpreendeu o diretor de Desenvolvimento Econômico do município, Fausto Cestari Filho, entre outros motivos, porque o Caged informava crescimento de 11,42% no saldo de empregos na cidade no período.

Cestari Filho também estranhou o fato de que a principal contribuição negativa foi do setor de serviços, que eliminou cerca de 6 mil postos de trabalho na cidade no ano, segundo a Rais. A atividade é o principal foco da política de atração de investimentos da administração municipal. Uma das hipóteses aventadas por especialistas é de que o movimento de empresas que fecham unidades e transferem funcionários para outros locais passa despercebido no cadastro geral de empregados.

Se em São Caetano a área de serviços impulsionou para baixo o saldo de empregos, em outras cidades o segmento mostrou crescimento expressivo. No entanto, na região, foi o setor industrial que liderou a geração de vagas em números absolutos (7,6 mil vagas), seguido pelo comércio (7,5 mil).