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Dívidas atingem 52% das famílias de SP
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
21/07/2010 | 07:23
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A diretora de escola diademense Mariusa Calzzetta, 48 anos, paga as prestações do carro financiado em 60 vezes. Também adquiriu um celular em quatro parcelas para o filho. E por fim, o tanquinho de lavar roupas saiu em seis vezes sem juros. Ela reflete a situação de 52% dos moradores da Região Metropolitana de São Paulo, que têm a renda comprometida com alguma dívida, segundo pesquisa da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

Esta foi a maior proporção de endividados do ano e dos últimos 12 meses. Mês passado, a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) constatou que 42% da população estavam endividada, aumento de dez pontos percentuais no período.

"A quantidade de famílias com a renda mensal comprometida com pagamento de dívidas não é positivo, principalmente porque a maior fatia delas ganham menos de dez salários-mínimos", diz o assessor econômico da Fecomercio Altamiro Carvalho.

Se a pessoa comprou qualquer produto ou serviço financiado, significa que está endividado, pois comprometeu parcela da renda futura. No caso dos paulistanos, fora as despesas convencionais (água, luz, telefone, aluguel) que comprometem 30% dos ganhos, mais 31% estão reservados para pagar prestações.

Carvalho explica que a sobra de 29% do salário para arcar com despesas de alimentação, roupas, transporte e lazer é pouca. Mariusa, por exemplo, se policia para não fazer mais dívidas e tenta adiar a troca do carro usado que está quase na metade do financiamento por um zero-quilômetro.

"Fiquei quatro anos e meio sem cartão de crédito e cheques porque tirava dinheiro de onde não tinha. Hoje sou educada financeiramente e faço cálculos antes de assumir nova dívida", afirma a diretora, que pesquisou por meses o modelo e preço ideal do tanquinho.

Perfil - A maior parte dos entrevistados pela Fecomercio-SP sinalizaram em respostas múltiplas que suas dívidas estão concentradas no cartão de crédito (66%) e carnês com prestações de lojas representam 25%.

Do total de famílias endividadas, 1,85 milhão têm pagamentos atrasados há mais de 90 dias. Outras 25% têm contas vencidas em até 30 dias. O tempo médio de atraso é de 65 dias.

Número de endividados tende a se estabilizar; varejo segue forte
Apesar do pico no número de famílias paulistanas endividadas neste mês, a tendência, segundo o assessor econômico da Fecomercio-SP Altamiro Carvalho, é que esta fatia mantenha-se estável nos próximos meses para depois desacelerar.

"Isso é reflexo da venda de bens duráveis, especialmente os eletroeletrônicos, que em São Paulo avançaram 17% nos cinco primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2009", diz.

Mesmo com a inadimplência subindo, a intenção de compras das famílias ainda não diminuiu, revelou levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio), cuja projeção é que o varejo tenha crescimento recorde de 10,9% neste ano.

"As pesquisas mostram o bom momento do setor. Apesar da alta, pelo quinto mês consecutivo na expectativa de consumo, as famílias estão com menos condições de atender seus compromissos devido à alta no seu endividamento", aponta a CNC.




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