O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pode estar por trás do vazamento de dados sigilosos da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Banestado, que investiga um esquema ilegal de desvio de recursos para o exterior. Na lista das pessoas que fizeram remessas ilegais de dólares, quatro parentes distantes do senador cearense são citados.

Para Jereissati, o vazamento dos dados foi provocado por políticos do PT e provavelmente atendeu a ordens de José Dirceu – com quem o senador tucano arrasta uma rusga antiga.

"Acho uma coisa muito séria dizer que é alguém. Não queria assumir essa responsabilidade. E nem posso, porque não tenho provas. Agora, que veio da relatoria da CPI, isso veio; não há dúvidas. Mas se existe alguém por trás do relator (o deputado petista José Mentor, de São Paulo) é que nós não sabemos. Está todo mundo com a pulga atrás da orelha, porque, afinal de contas, é ele mesmo (o ministro José Dirceu) que faz ameaças de que vai pegar fulano, acabar com sicrano e dar um tiro em beltrano. Para um ministro de Estado, são umas ameaças muito estranhas", afirmou Jereissati, após encontro com o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL).

O senador tucano afirmou que o vazamento dos dados da CPMI do Banestado pode ser a consolidação das ameaças que ele teria sofrido por parte de José Dirceu.

"O ministro José Dirceu tem dado uma série de declarações em relação a mim, inclusive que ia me dar um tiro no peito, fatal. Como não acredito que seja com um revólver de verdade, imagino que seja de outras maneiras, senão eu estaria aqui usando um colete à prova de balas. Mas ele mesmo tem levado a crer que está disposto a qualquer coisa", afirmou Jereissati.

O parlamentar cearense acrescentou que os dados vazados da CPMI criaram o maior banco de dados privado da história brasileira, incluindo informações obtidas com a quebra dos sigilos fiscal, tributário e bancário de personalidades das mais diversas áreas de atuação. "Existe uma ameaça grave sobre a sociedade inteira. Qualquer um pode ser chantageado a qualquer momento."

Para Jereissati, o episódio mostra que existem "dois governos": "um social-democrata; da alternância de poder, da liberdade, da convivência civilizada; e um governo totalmente stalinista, que pode tudo e deve tudo em troca de um poder total e absoluto."

Reação - O presidente nacional do PT, José Genoino, emitiu uma nota oficial na tarde desta sexta-feira para rebater as acusações de Jereissati. O documento afirma que a atuação de políticos da legenda na CPMI "não tem nenhuma relação com vazamento de informações e à criação de dossiês".

Confira a íntegra da nota oficial

Em decorrência das notícias veiculadas hoje (17 de setembro) sobre a CPI do Banestado e a ação da Polícia Federal em Cuiabá, o Partido dos Trabalhadores vem a público repudiar as insinuações feitas por dirigentes do PSDB.

A atuação do PT na CPI do Banestado não tem nenhuma relação com vazamento de informações e à criação de dossiês. O PT não aceita as acusações contra o ministro José Dirceu e qualquer outro membro do partido.

O PT respeita a atuação do PSDB como partido e como oposição e isto não nos permite tratá-lo como vítima. Reconhecemos, no entanto, que o PSDB tornou-se refém de seu apavoramento diante do sucesso do governo Lula, do conseqüente esvaziamento de seu discurso e da possibilidade de uma ampla vitória do PT nestas eleições.

Todo processo eleitoral está sujeito ao acompanhamento da Justiça, à qual reiteramos nosso respeito. É o PSDB que politiza as ações da Justiça e da Polícia Federal ao veicular declarações de que seus membros estão atrelados a partidos políticos.