O barítono Paulo Szot, de Ribeirao Pires, chega ao fim do ano vivendo aquela que descreve como a sua melhor fase profissional. Desde janeiro, entre outros trabalhos, ele já atuou em três óperas - O Elixir do Amor, O Ladrao e a Solteirona e Don Giovanni. Nesta última, encenada nos palcos mais nobres de Sao Paulo (Teatro Alfa e Municipal), ele foi o protagonista, dividindo as récitas com o experiente polonês Zbigniew Macias.

"Talvez este tenha sido o trabalho mais importante, porque me projetou profissionalmente. O público e a crítica me elogiaram muito, e isso abriu novas oportunidades de trabalho", diz o barítono, que também gravou uma faixa da trilha sonora da novela Terra Nostra - trata-se de Non Ti Scodar Di Me, que ele divide com o cantor lírico Davi Marcondes - e já estuda a agenda para participar do programa Hebe, no SBT.

Conquistar tais espaços, no entanto, nao é fácil. Para participar de grandes produçoes, um cantor lírico deve passar pelo crivo dos mais exigentes maestros. Para que isso seja possível, Szot passa a maior parte do tempo estudando os trabalhos atuais e aqueles que estao por vir. "É uma batalha difícil. Estou trabalhando em Sao Paulo há três anos, e as coisas estao acontecendo aos poucos. É um meio muito hermético, e para entrar você tem de provar que é realmente bom profissional e, sobretudo, honesto. Eu acho que estou conseguindo isso e me sinto muito feliz por saber que as pessoas do mundo lírico já me conhecem", afirma.

Para completar a boa fase, Szot em breve realizará um sonho antigo: cantar na regiao. A oportunidade surgiu por meio do maestro Flavio Florence, que o convidou para protagonizar O Barbeiro de Sevilha, obra que será encenada a partir do dia 13 de novembro no Teatro Municipal de Santo André. "Eu sempre quis cantar na regiao e estou adorando a novidade. Tenho um pé em Santo André, pois estudei em três escolas da cidade, e quando jovem sempre passeava e fazia compras na cidade. Estou ansioso para estrear."

Enquanto a estréia andreense nao chega, Szot atua em Carmina Burana, dirigida pelo maestro Luiz Fernando Malheiro, e cujas récitas acontecem de segunda a quarta-feira, às 21h, no Theatro Municipal de Sao Paulo (praça Ramos de Azevedo, s/nº. Tel.: 222-8698). Composta por Carl Off (1895-1982), a cantata reúne poemas escritos nos séculos XII e XIII por monges hereges peregrinos, que exaltavam hedonisticamente hábitos cotidianos dos mortais, como beber, jogar e amar.

Na montagem paulistana, os três solistas - Szot, Simone Foltran (soprano) e Juan Diego Flórez (tenor) - serao acompanhados pela Sinfônica Municipal e pelos corais Lírico, Paulistano e Infantil Eco, todos regidos por Luiz Fernando Malheiro. A cantata, em latim popular, alemao arcaico e uma mescla de latim e francês, se completa com imagens do videomaker Rubens Velloso, que serao projetadas em dois teloes de alta definiçao. Os ingressos custam de R$ 10 a R$ 70.