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Vereadores esperam alguns milagres, diz Maurício
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
11/03/2011 | 07:57
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Com só três projetos de menor expressão - comemoração, cessão de plenário e denominação - aprovados na sessão de ontem de São Bernardo, o destaque ficou por conta da reunião entre o secretário de Governo, Maurício Soares (PT), e os 21 vereadores. Na ocasião, o petista ouviu as demandas e afirmou que os parlamentares "esperam alguns milagres", que não sabe se poderá fazer. As reivindicações não foram explicitadas.

Outras solicitações, de menor porte, serão levadas para análise do prefeito Luiz Marinho (PT) e, segundo Maurício, "dá para avançar sem radicalismo". "São reclamações de falta de atendimento a pequenas coisas, que são fáceis de resolver. Não estamos lidando com inimigos. São legítimos representantes do povo. Nosso desafio é fazer a mediação entre aquilo que se pede e aquilo que é possível fazer", disse o secretário em sua estreia como interlocutor do governo com o Legislativo - foi nomeado para a função na semana passada, no lugar de José Albino, que agora é assessor de gabinete.

 "O sucesso do Maurício vai depender da força dele, da disposição do governo em nos atender. Existem pequenas coisas, como pedidos de poda de árvores, sinalização de trânsito, nomeações de espaços públicos, que podemos ser contemplados", discorreu o presidente da Casa, Hiroyuki Minami (PSDB). "Não era culpa do Zé Albino", contemporizou o tucano.

Maurício afirmou que reconhece a composição de três grupos na Câmara - situação, oposição e centro -, mas que, de início, conversará individualmente com cada vereador. "Se diminuir é melhor. E espero que todos fiquem na situação", brincou, para em seguida ser mais sereno.

"É preciso de todos. O governo tem de ser oportunista. Se aqui está rendendo mais conversa, dialogamos aqui. Meu papel é alargar essas aberturas", observou, ao ressaltar que há tentativa de aproximação permanente com os parlamentares fora da base de sustentação, principalmente os do PSB e PMDB. "São aliados nacionais do PT. Isso facilita."

O secretário de Governo tem algumas desavenças no Legislativo, mas, ele garante, não serão problemas. Um dos vereadores cuja relação não é das melhores é Ary de Oliveira (PSB) - na primeira gestão de Maurício como prefeito (1989 a 1992) tiveram desentendimentos políticos.

 "Trabalhamos muito juntos. Sou amigo dele, somos vizinhos na praia (em Peruíbe). É um vereador polêmico, é qualidade dele. É sarcástico às vezes, mas acho que isso não diminui nosso contato", avalia o interlocutor. "Não existe problema entre nós. O que ocorreu foi no campo político, não no pessoal. Ele será útil com sua experiência", discorreu Ary.

 

Toninho e Zé Ferreira têm retorno discreto no Legislativo

 

As sessão de ontem também foi marcada por reestreias. Os petistas Toninho da Lanchonete e José Ferreira deixaram o Executivo para reassumirem suas vagas legislativas conquistadas em 2008.

O prefeito Luiz Marinho mexeu nas peças para reforçar o debate da bancada governista. Mas os dois não tiveram muito trabalho - somente após a sessão um munícipe usou a tribuna livre para criticar a administração, o que gerou debate entre situação e oposição.

"Foi uma sessão morna. Tentamos colocar para votação a autorização para convênio com o Conselho Estadual dos Direito da Criança e do Adolescente, mas não houve acordo. Temos de, pouco a pouco, aparar as arestas e melhorar a relação com os demais vereadores", enfatizou Toninho, líder do governo Marinho.

Para ele, não será difícil atuar mesmo com a formação dos três grupos no Legislativo. "O que não pode é antecipar a eleição de 2012 no plenário. Temos de nos concentrar agora para o bem da cidade. Vamos em busca do consenso."

Zé Ferreira, por sua vez, retornou à Câmara no dia em que completou 60 anos. Indagado se a volta foi um presente - já que era o vereador mais antigo do PT no Brasil (desde 1982), antes de ir para a Secretaria de Desenvolvimento Social em novembro de 2009 -, o parlamentar fez afirmações politicamente corretas. "Fazemos um trabalho coerente, tanto lá (na secretaria) quanto aqui (no Legislativo). Estou feliz por fazer parte de um grupo que tem respaldo em propostas, que segue um plano de governo.

 

Manente rebate manobra da oposição

 

Sobrou para todo mundo. Tanto para o prefeito Luiz Marinho quanto para os colegas de Câmara. Primeiramente, Otávio Manente (PPS), líder do G-5 (grupo de cinco vereadores de centro), estava desconfortável com o fato de a oposição, formada por oito parlamentares, arquitetar manobra para enfraquecê-lo.

Mas afirmou estar tranquilo e reafirmou a independência do bloco. "Isso nos dá mais força para continuar com nossa missão. Temos de ser a favor do que é bom para a cidade. Não existe nada disso de barganha", frisou.

A oposição tende a se dividir propositadamente para alguns parlamentares votarem junto com o governo. Com isso, o poder de decisão do G-5, para um lado ou para outro, ficaria diminuído. "O que eles estão fazendo mostra a fragilidade do G-8 (oposição)."

Manente comentou ainda que o PPS tem legitimidade para ser a terceira força do Legislativo. "Tivemos chapa a prefeito em 2008 como a terceira via. Temos condições de manter essa posição na Câmara." Sobre o espaço que tem no governo Marinho, mesmo não sendo mais governista, o popular-socialista explica: "É questão de respeito a um acordo (firmado no segundo turno do pleito municipal, em que o partido apoiou a candidatura petista)".

Luiz Marinho foi criticado quando o assunto foi o trabalho da mesa diretora da Casa, da qual Manente faz parte (é 1º secretário). O prefeito reclamou da demora na tramitação dos projetos do Executivo. "Qual matéria seguramos? Teve projetos inconsistentes, que estavam incompletos e que foram aperfeiçoados. Não atrasamos nada, é desculpa, leviandade falar isso."

O líder do G-5 elogiou, no entanto, a escolha de Maurício Soares para a Secretaria de Governo. "Pode melhorar a relação com a Câmara, atender os vereadores de forma indistinta. Foi uma decisão acertada e quando isso acontece também temos de reconhecer."




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