Apesar de os programas do governo federal para reduzir os juros na ponta – como o crédito com desconto em folha e o microcrédito dos bancos privados, obrigados a emprestar à taxa de 2% ao mês –, a Caixa Econômica Federal cobra uma taxa de até 5,63% para emprestar para aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que recebem o benefício via conta corrente ou poupança na instituição. A operação é de baixo risco, uma vez que o débito das prestações é feito no dia do recebimento do benefício previdenciário.

A taxa de 5,63%, oferecida em mala direta enviada a clientes aposentados nas últimas duas semanas, refere-se a um empréstimo de R$ 1.000, a ser pago em seis meses. A propaganda não explicita a taxa de juros, apenas o valor das parcelas – no caso, R$ 201. Para o parcelamento em 36 meses, a taxa cai para 4,41% ao mês (parcelas de R$ 56).

De acordo com o superintendente de Empréstimos da Caixa, Jorge Pedro de Lima Filho, a taxa embute encargos e tarifas e não é menor por se tratar de uma operação de risco. "O aposentado sempre pode transferir o benefício para outro banco", afirma.

Para José Caetano Lavorato, presidente da Abcred, associação que reúne instituições sem fins lucrativos que operam o microcrédito produtivo, o fato de a Caixa cobrar mais de 5% para uma operação com risco mínimo mostra quão distante da realidade é a exigência do governo para que ONGs ou bancos privados que operam o microcrédito trabalhem com taxa de 2%.