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Construção civil tem projetos de R$ 300 bi
15/06/2009 | 07:05
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Claudinei Plaza/DGABC


A construção civil promete ser um grande motor da economia brasileira nos próximos cinco anos. De olho nas obras da Copa do Mundo, no programa habitacional Minha Casa Minha Vida e num ambicioso plano de investimento das estatais Eletrobrás e Petrobras, o setor já faz planos para iniciar um novo ciclo de crescimento, interrompido pela crise mundial no segundo semestre de 2008. O otimismo está baseado nos números bilionários dos projetos - mais de R$ 300 bilhões.

A confiança dos empresários começa a ser renovada com a volta do crédito, embora com taxas ainda salgadas. Entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro deste ano, as empresas foram sufocadas pela falta de dinheiro disponível para levantar lançamentos do passado. Outro ponto foi o cancelamento de projetos de expansão da indústria. Tudo isso contribuiu para uma queda de 9,8% da construção civil no primeiro trimestre.

Com a volta dos IPOs (oferta pública inicial) e do crédito no mercado internacional, o setor acredita em dias melhores a partir de agora. A aposta é que o programa habitacional e as obras de infraestrutura priorizados pelo governo para amenizar os efeitos da crise tenham reflexos positivos a partir deste ano, já que 2010 é ano eleitoral.

No caso do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, lançado em março e que prevê subsídio do governo federal, a expectativa é aprovar projetos de 600 mil unidades até julho do ano que vem, num total de R$ 45 bilhões, segundo projeção do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady. Até o início do mês, a Caixa já havia recebido das incorporadoras 385 projetos imobiliários (65 mil unidades), mas apenas 40 deles haviam sido aprovados.

Se o governo cumprir o compromisso de reduzir os prazos do processo, o programa poderá alavancar de forma significativa as atividades da construção civil. "Muitas construtoras, que não estavam nesse mercado, já se interessaram pela demanda potencial. Afinal o déficit habitacional do País é de 7,2 milhões de unidades", disse o presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Sérgio Watanabe. Segundo ele, o programa poderá suprir o mercado de classe média se o reaquecimento da economia demorar a ocorrer.

A definição das 12 cidades que vão receber os jogos da Copa do Mundo também animou o setor. Embora ainda não haja uma estatística oficial sobre o volume de investimentos, os números que circulam apontam para cifras que vão de R$ 60 bilhões a R$ 100 bilhões. Em paralelo, o governo federal precisará definir todas as obras de infraestrutura exigidas para receber o evento. Só em transporte serão necessários mais de R$ 30 bilhões (sem contar o trem-bala que custará US$ 14 bilhões), afirma o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende. Boa parte dos recursos vai para alternativas que melhoren a mobilidade urbana, como a construção de linhas de metrô, corredores de ônibus e estacionamentos.

Outros setores, como aeroportos, energia elétrica e telecomunicações, terão de ter seus serviços reforçados para evitar um colapso durante o evento. Isso sem contar a ampliação da rede hoteleira.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada, Luiz Fernando dos Santos Reis, destaca que para atender as exigências da Fifa, o governo deverá eleger obras prioritárias para acompanhar e acelerar o processo. "Nem tudo vai sair do papel. Por isso é importante definir projetos essenciais."

De qualquer forma, a expectativa é que a Copa impulsione o Produto Interno Bruto do País nos próximos anos, como ocorreu em países que já receberam o evento. Na Alemanha, cujos investimentos ficaram em torno de US$ 10 bilhões, o impacto no PIB foi da ordem de 0,5%. No Brasil, a expectativa é que as obras promovam maior aquecimento da economia, já que as necessidades são bem mais latentes.

Outro dado importante é que, para cada R$ 1 milhão de investimento na construção civil, criam-se 33 empregos diretos e 25 indiretos. "Esse é um tipo de emprego que se reverte quase que 100% em consumo, não em poupança. Além disso, a construção civil tem um efeito de arrasto bem maior do que outros setores da economia", diz Paulo Resende.




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