Com medidas que lembram governos neoliberais como o do presidente Fernando Henrique Cardoso, o prefeito Oswaldo Dias, de Mauá, termina o ano de 1999 festejado pela oposiçao e criticado pelos governistas na Câmara. O prefeito petista consegue o apoio de vereadores oposicionistas, neoliberais declarados, ao mesmo tempo em que enfrenta as críticas dos parlamentares petistas.

As medidas que contrariaram os petistas englobam uma série de pedidos de concessoes de áreas públicas.

Na Câmara, a bancada do PT chegou a rachar durante a discussao de um projeto do Executivo que pede concessao (ou privatiza, como dizem os oposicionistas) o serviço de esgoto da cidade. A proposta foi rejeitada. Apesar das críticas petistas e dos elogios neoliberais, o prefeito nao considera que tenha realizado um governo neoliberal. "Nao acho que isso é ser neoliberal e nao aceito essa polarizaçao. Nao se pode fazer uma concessao que já se é considerado neoliberal?", contestou o prefeito.

Para Dias, as concessoes foram a única saída para driblar a crise econômica que o município enfrenta. "Se partíssemos do princípio de que nao poderia ser feita nenhuma concessao, a cidade nao teria quase nada. Por exemplo, esse projeto do esgoto, teríamos de fazer um investimento inicial na ordem de R$ 40 milhoes. Imagine que a administraçao municipal vai dispor dessa verba. A única saída é mesmo a concessao", disse.

A atitude do prefeito foi elogiada pelo empresário mauaense Domingos Pinto Pereira, que é apontado como um dos representantes do neoliberalismo na cidade. "Acho que o Oswaldo Dias é um prefeito liberal que está realizando um governo voltado exclusivamente para o bem-estar do município. Na minha opiniao, politicamente, a cidade de Mauá está vivendo uma inovaçao em matéria de administraçao", afirmou.

Além disso, Pereira considera que os projetos do prefeito nao sao concessoes. "Todas as propostas que ele (Dias) mandou à Câmara nao deixam de ser privatizaçoes. E isso é muito bom. Sou uma pessoa voltada para o progresso e acredito que ele só virá com o liberalismo."

Para o presidente da Aciam (Associaçao Comercial, Industrial e Agrícola de Mauá), Luís Augusto Gonçalves de Almeida, é complicado falar em neoliberalismo "num governo dito de esquerda". Apesar da incoerência, Almeida acha que as concessoes sao "atitudes sensatas e nao neoliberais". "Por exemplo, no caso da concessao da área da praça que acabou ficando para o McDonald's. Nao deixa de ser um investimento muito forte que vai gerar empregos, além de mais investimentos em um local que estava quase parado", disse.

"Só gostaria de ver como seria se o PT fosse oposiçao na cidade e o governo tivesse realizando essas concessoes", disse Almeida. Apesar de ter sofrido sua maior derrota desde que assumiu em 1997, Dias ainda tem a simpatia de alguns oposicionistas para aprovar projetos de concessao que pretende realizar no ano que vem.

"Sou favorável a esse projeto do esgoto, por exemplo. Acho que muitos serviços que foram privatizados ficaram muito melhores", disse o oposicionista Francisco Carvalho Filho (PPS), o Chico do Judô.