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Câmaras do Grande ABC gastam R$ 2,8 mi com parentes
Danilo Angrimani
Da Redaçao
12/06/1999 | 18:28
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Os vereadores do Grande ABC gastam R$ 2,8 milhoes por ano com a contrataçao de parentes para trabalharem em suas assessorias nas câmaras. Com esse dinheiro seria possível comprar uma frota de 261 Uno Mille.

A maioria dos parlamentares da regiao é nepotista. Dos 135 vereadores das sete câmaras, 71 sustentam 111 parentes em seus gabinetes, ao custo mensal de R$ 237 mil - dinheiro que sai dos Orçamentos dos municípios e, portanto, do bolso do contribuinte.

Os vereadores empregam mulher, filhos, irmaos, primos, cunhados, genros, noras e sobrinhos, pagando salários que podem chegar a R$ 4,2 mil por mês. A Câmara campea do nepotismo é a de Diadema, que gasta R$ 1,1 milhao por ano (R$ 99 mil por mês) com os salários dos parentes que batem ponto nos gabinetes de vários vereadores. Com esse dinheiro, seria possível comprar 7.128 telefones celulares.

Dezesseis parlamentares de Diadema têm 41 familiares em suas assessorias. O vereador campeao em nepotismo no Grande ABC também é da cidade. Trata-se de Joao Gualberto (PPS), que gasta R$ 13,7 mil por mês com os salários de sete parentes. Como muitos dos que adotam tal prática, Gualberto nao se incomoda com a possível repercussao negativa e diz que detém o título "com orgulho" (leia matéria na página 6).

A vice-campea em nepotismo é colega de Gualberto na Câmara de Diadema. A vereadora Denise Ventrice (sem partido) contratou cinco parentes. Ela deu emprego para o pai, Jacomo Ventrice; para os irmaos Wilton, Valter e Vanderlei; e até para o marido, Wanderlei.

Denise é fiel ao seu lema de campanha: "Trabalhamos em família para melhor servir a sua família", frase que serve de decoraçao e pode ser vista no gabinete da vereadora. O pai de Denise, o ex-vereador Jacomo, é um nepotista de carteirinha. Em 1996, antes das eleiçoes, Jacomo fazia um alerta ao Diário: "Se a minha filha Denise for eleita, ela vai contratar todos os irmaos dela e o meu genro". Promessa cumprida.

Em segundo lugar na lista dos legislativos mais nepotistas, com 20 parentes contratados, vem a Câmara de Sao Bernardo, que tem um gasto mensal de R$ 57.782,22 com salários de parentes de vereadores. O Legislativo que menos gasta nesse item é o de Rio Grande da Serra: R$ 2.700,00 por mês. Em Mauá, o filho do prefeito Oswaldo Dias (PT) também arrumou emprego na Câmara. Leandro Oliveira Dias trabalha na Comunicaçao Social, como agente executivo e ganha R$ 1.526,29 por mês.

Partidos - A prática do nepotismo parece nao escolher linha ideológica ou partidária. Vereadores de 11 partidos diferentes (PT, PSDB, PFL, PPS, PPB, PL, PTB, PMDB, PDT, PSB e PRP) têm parentes assessores.

Os parlamentares que estao sem partido sao os que mais contrataram parentes. Onze vereadores sem filiaçao partidária encabeçam a lista. Entre os que têm legenda, a liderança do nepotismo fica com o PT: nove. Depois vêm os vereadores do PFL e do PSDB: oito vereadores de cada partido.

No levantamento feito pelo Diário em todas as câmaras da regiao aparece até um caso de duplo nepotismo. É em Rio Grande da Serra, onde a digitadora Adriana é mulher do vereador Ramon Velasquez (PT) e filha do também vereador Valdir Mitterstein (sem partido).




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