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MP investiga prováveis 'laranjas' de Luís Estevao
Do Diário do Grande ABC
25/06/2000 | 19:03
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O Ministério Público Federal está investigando a possibilidade de o empresário Fábio Monteiro de Barros Filho ser um "laranja" de empresas que, na verdade, seriam controladas pelo senador Luis Estevao (PMDB-DF). Esta semana o plenário do Senado vai analisar pedido de cassaçao do senador, que teve parecer favorável no Conselho de Ética e na Comissao de Constituiçao e Justiça (CCJ).

Neste domingo, o jornal Correio Braziliense publicou bilhete manuscrito em que Barros Filho pede dinheiro a Estevao para quitar dívidas contraídas pela Incal durante a obra do fórum trabalhista de Sao Paulo, fortalecendo as suspeitas de que o empresário é empregado do senador.

Dois procuradores de Brasília e três de Sao Paulo já estao preparando o pedido de prisao de Luis Estevao, caso o Senado confirme sua cassaçao na quarta-feira. Um grupo de procuradores e promotores de Justiça do Distrito Federal discute uma fórmula de acelerar todos os processos que tramitam contra o senador na Justiça, para onde serao enviados os processos se ele perder o mandato.

Dono oficial da Incal e Ikal, construtoras que fazem parte do grupo que leva seu sobrenome, Fábio Monteiro de Barros Filho escreveu um bilhete a Luís Estevao dia 15 de janeiro de 1.999, minutos antes de embarcar em um vôo em Brasília, rumo a Sao Paulo. Na mensagem, o empresário pede "o mínimo necessário para a sobrevivência" das empresas e também dinheiro para saldar despesas pessoais inadiáveis.

Na lista de dívidas que Monteiro queria quitar estao R$ 135 mil para cobrir pedidos de falência das empresas Brasfond, SRA Isolamentos e Mobis, nao passíveis de acordo com os credores. O empresário deixa e entender que há outros seis pedidos de falência que somam cerca de R$ 30 mil, mas que nao estariam "no extremo."

No mesmo bilhete, Monteiro de Barros coloca na lista de dívidas "pendentes graves" um débito junto ao banco BMD. O empresário se diz preocupado com a possibilidade de a Incal vir a ser inscrita no Cadastro de Inadimplentes do governo (Cadin), o que impediria, segundo escreveu, "nossos recebimentos da construtora." Ele pede ainda dinheiro para pagamento de contas de telefone, luz, água e despesas com funcionários das empresas, como vale-refeiçao e vale-transporte.

O empresário faz referência até à luz do "fórum", suposta referência à conta de energia elétrica do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de Sao Paulo. "A luz do fórum vencida e que foi repactuada é de $ 8.000 de (julho/dezembro 98) para nao cortar usamos o processo do Tribunal", escreveu Monteiro de barros.

O Ministério Público comprovou a viagem de Fábio Monteiro de Barros Filho a Brasília no dia 15 de janeiro de 1999 consultando cadastro das companhias aéreas. Ele embarcou de volta a Sao Paulo em vôo da Rio Sul que partiu da capital federal às 21h daquele dia. O bilhete foi escrito quando o repasse de dinheiro para as obras já havia sido suspenso por causa de indícios de irregularidades.

Ao Correio Braziliense, o senador Luis Estevao alegou que o bilhete de Monteiro de Barros formalizava um pedido de empréstimo ao Banco Ok. Hoje, Felipe Amodeo, advogado de Estevao, endossou as explicaçoes do senador. "Este bilhete só mostra como se repetem as acusaçoes a conta-gotas, que só aparecem nas vésperas do julgamento", reclamou Amodeo.

Segundo o procurador Luís Francisco Fernandes de Souza, que investiga o caso, a documentaçao demonstra que Fábio Monteiro de Barros Filho pode ser empregado de Luís Estevao. "Uma pessoa que pede empréstimo, geralmente apresenta garantia e avalista", justificou.

Anexos - Entre os anexos desta carta de Fábio Monteiro de Barros Filho foi encontrada uma lista de pagamentos da Construtora Ikal no valor de R$ 105 mil. O Ministério Público vai investigar se a letra que aparece no recibo é a do empresário.

No documento, Monteiro de Barros anotou o nome de uma empresa de consultoria de um homem nao identificado, que seria português, e que "dá recibos". Os procuradores querem checar se o recibo confirma indícios de um esquema de caixa dois ou de lavagem de dinheiro envolvendo as empresas do grupo.




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